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segunda-feira, 6 de maio de 2013

A FAVOR DA GREVE NA UEG E CONTRA A PRECARIZAÇÃO DAS UNIVERSIDADES



A situação das universidades públicas (estatais) no Brasil é calamitosa. Depois de diversos governos neoliberais, desde o Governo Collor até o Governo Dilma, há um processo de crescente precarização das universidades estatais, especialmente das federais. A partir do final dos anos 1990, os governos neoliberais apoiaram a expansão do ensino superior privado e incentivou a formação ou ampliação de universidades estaduais. É nesse contexto que emerge, no ano 2000, a Universidade Estadual de Goiás. Uma instituição que aglutinou faculdades já existentes e ampliou, de forma desordenada e caótica, a partir de interesses eleitorais e partidários, com a criação de diversas outras unidades. É nesse contexto que emerge uma nova universidade, com inúmeras unidades. A grande questão é que maior do que o número de unidades é o número de problemas. É por isso que emerge a greve na UEG e é por isso que nós apoiamos essa luta dos professores, alunos e técnico-administrativos dessa instituição.
Para entender melhor a situação, é preciso analisar não só as mudanças mais recentes no capitalismo contemporâneo, marcado por uma nova fase cujo objetivo máximo é aumentar o processo de exploração a nível geral. A partir da instauração do regime de acumulação integral, temos a constituição de novas formas de intensificação do trabalho e de exploração internacional, mas também a instituição de novas políticas estatais, as neoliberais, que buscam diminuir os gastos estatais principalmente no plano das políticas estruturais de assistência social quanto em investimentos gerais em saúde, educação e outros de vital importância para a sociedade e que serviriam de contrapeso para o processo de aumento da exploração dos trabalhadores, da precarização e aumento de desemprego. O único setor em que os gastos estatais não diminuíram drasticamente foi o da chamada “segurança pública”, pois o Estado neoliberal é “mínimo” em investimentos sociais, mas “forte” (ou máximo) em repressão. Desde a política da “tolerância zero”, produzida nos Estados Unidos e exportado para o resto mundo, uma das principais características das políticas neoliberais é o aparato repressivo, que, no Brasil, se manifesta cotidianamente e é reforçado por violência policial, grupos de extermínio, busca de implantar pena de morte e reduzir a idade penal, etc.
Um dos setores mais atingidos por estas políticas são as universidades estatais (federais e estaduais). No caso da UEG, a responsabilidade maior é dos governos estaduais. Os investimentos nessa instituição são mínimos e sua gestão e organização são caóticas. O processo de formação da instituição é marcado por interesses político-partidários e eleitorais, bem como sua gestão sempre teve essa marca. É necessário luta pela autonomia das universidades e isso é mais urgente e grave no caso da UEG. A Comunidade Acadêmica da UEG, composta por professores, alunos e técnico-administrativos, devem ter uma participação efetiva nesse processo e a greve desencadeada agora tem um papel relevante não somente para fazer essas e outras reinvindicações necessárias para a estruturação dessa universidade, como também para “ensaiar” uma participação mais efetiva na decisão dos rumos desta instituição.
Nesse sentido, nós apoiamos totalmente a greve na UEG, as lutas e as reivindicações. É necessário garantir um ensino de qualidade, gratuito, e condições para que os estudantes possam efetivar seu processo de formação e por isso a ampliação de bibliotecas, criação de restaurantes universitários e moradias estudantis são urgentes, da mesma forma que melhores condições de trabalho para os professores, melhores salários, um plano de cargos e vencimentos melhor estruturado, também. Outro elemento fundamental para garantir o futuro da UEG é a realização de concursos públicos e políticas de valorização dos professores para evitar a “fuga dos doutores” por passarem em concursos em outras universidades, o que significa que também deve haver uma política estrutural de pesquisa e extensão na instituição, política salarial adequada ao ensino superior, recursos para participação e realização de eventos e publicações, etc. A UEG, por exemplo, precisa urgentemente de uma editora, o que hoje é relativamente fácil com as novas tecnologias, mas para isso é preciso ter uma gestão que realmente entenda da universidade e que seja composta por pessoas que conheçam o universo acadêmico e não alienígenas de partidos políticos interessados em votos e não no desenvolvimento da instituição. O movimento grevista na UEG precisa manter sua luta e avançar, inclusive ampliando as reivindicações, mesmo que seja somente para desenvolver o debate público, reflexões e novas metas para ações posteriores, tais como lutar pela participação das instituições universitárias fora do eixo sul-sudeste nas comissões e na elaboração das atividades e decisões da CAPES, CNPq e outras instituições estatais. Também é necessário abordar a questão das políticas estatais (inclusive para as universidades federais) para a educação e exigir ampliação de recursos nos orçamentos estaduais e federais. Além disso, outras reivindicações para a sociedade como um todo, inclusive articulando-se com outros setores sociais, seriam fundamentais para a luta desencadeada na UEG e reivindicando também mudanças sociais gerais, transformação global da sociedade que cria o neoliberalismo e uma vida desumana. Tendo em vista o caráter justo e legítimo da greve na UEG, nós declaramos nosso apoio ao movimento.

Assinam:

NUPAC – Núcleo de Pesquisa e Ação Cultural;
GPDS/UFG – Grupo de Pesquisa Dialética e Sociedade;
NPM/UEG – Núcleo de Pesquisa Marxista;
Revista Espaço Livre.

https://docs.google.com/file/d/0B4TgcavdkNkjT0Qtc1VBYTB6eDg/edit

TODO APOIO AO MOVIMENTO GREVISTA NA UEG!






Nós do MOVAUT – Movimento Autogestionário, colocamos publicamente o nosso apoio ao movimento grevista na Universidade Estadual de Goiás. O movimento é legítimo e apresenta reivindicações justas, a respeito de questões urgentes para esta instituição e que reflexões no resto da sociedade goiana e além dela. A situação da UEG não pode continuar dessa forma, pois sem falar das unidades com maiores problemas, estrutura inadequada e outras questões que afetam professores, estudantes e funcionários, as unidades mais estruturadas também passam por graves problemas de estrutura e falta de recursos, sem contar as necessidades gerais e não atendidas de professores, estudantes e funcionários.

Historicamente, todas as conquistas dos trabalhadores em geral é produto de sua luta, e a greve é um instrumental fundamental, uma das formas mais poderosas de pressão que os trabalhadores criaram para ter suas reivindicações atendidas. Durante a Revolução Industrial, a redução da jornada de trabalho e abolição do trabalho infantil não foram iniciativas do Estado e da classe capitalista e sim produto da luta e pressão dos trabalhadores. Da mesma forma, as demais conquistas históricas dos trabalhadores foram produto das diversas lutas empreendidas e dos movimentos grevistas desencadeados. Até mesmo quando alguns parcos e ilusórios benefícios surgem a partir do Estado, isso é produto da tentativa de cooptar setores da classe trabalhadora ou então para antecipar lutas e reinvindicações mais poderosas dos trabalhadores. A luta é fundamental para conquistas imediatas, para que a correlação de forças não seja desfavorável aos trabalhadores e o seu grau de exploração e opressão seja muito elevado. Esse é um momento da luta, que ajuda na mobilização, auto-organização, desenvolvimento de consciência dos interesses coletivos e sobre os mecanismos do poder, etc., que abre espaço para lutas mais amplas e gerais na sociedade como um todo, no sentido de poder contribuir com a luta coletiva pela transformação social e emancipação humana.
A UEG não entra pela primeira vez em greve. As greves desencadeadas anteriormente mostraram que as coisas mudaram muito pouco desde o seu surgimento até hoje. Com a transformação de faculdades isoladas na UEG e construção de novas unidades, o crescimento da instituição foi acompanhado pelo crescimento dos problemas. Uma expansão desordenada e por motivo eleitoreiros significou um processo de crescimento em condições desfavoráveis e sob forma politicamente controlada por partidos e governo. As greves anteriores fizeram reivindicações e algumas foram atendidas e outras proteladas, mas surtiram o efeito de mostrar que na UEG existem professores, estudantes e funcionários que não são mera “massa de manobra” e que lutam, reivindicam, agem. Um dos elementos diferenciais e positivos das greves anteriores e da atual na UEG é sua forma de organização, cuja marca é a participação de todos os setores da comunidade universitária: professores, estudantes e funcionários, rompendo com a tradicional separação por interesses grupais quando a questão é coletiva e as necessidades são comuns e as que não são assim, são complementares, pois contribuem com a qualidade do ensino, com a estruturação da instituição, etc. Desde a experiência do Fórum de Defesa da UEG até hoje essa experiência de unificação das lutas e da organização é uma das maiores conquistas desse processo, o seu elemento mais avançado. Assim se consegue unificar a luta em torno de interesses gerais de melhorias na universidade com interesses específicos cujo resultado é fortalecer a primeira.
Por isso, o Movaut oferece todo apoio ao movimento e suas reivindicações, mais do que justas e necessárias, tais como a reformulação do plano de cargos e vencimentos, realização de concurso público, aumento salarial, criação de restaurantes universitários e moradias estudantis, entre diversas outras. Reivindicações essas que precisam ser ampliadas, tais como a inclusão de mais recursos previstos no orçamento do governo estadual para a UEG, democratização da instituição, entre outras e que devem ser somadas com a luta por mudanças sociais mais gerais. O MOVAUT lança seu apoio total ao movimento grevista na UEG e conclama a toda a população a fortalecer essa luta que é daqueles que trabalham ou estudam nesta universidade mas que tem importância para todos nós.


MOVAUT – Movimento Autogestionário
Goiânia, 06 de maio de 2013