sexta-feira, 10 de maio de 2013
segunda-feira, 6 de maio de 2013
A FAVOR DA GREVE NA UEG E CONTRA A PRECARIZAÇÃO DAS UNIVERSIDADES
A situação das universidades
públicas (estatais) no Brasil é calamitosa. Depois de diversos governos
neoliberais, desde o Governo Collor até o Governo Dilma, há um processo de
crescente precarização das universidades estatais, especialmente das federais.
A partir do final dos anos 1990, os governos neoliberais apoiaram a expansão do
ensino superior privado e incentivou a formação ou ampliação de universidades
estaduais. É nesse contexto que emerge, no ano 2000, a Universidade Estadual de
Goiás. Uma instituição que aglutinou faculdades já existentes e ampliou, de
forma desordenada e caótica, a partir de interesses eleitorais e partidários,
com a criação de diversas outras unidades. É nesse contexto que emerge uma nova
universidade, com inúmeras unidades. A grande questão é que maior do que o
número de unidades é o número de problemas. É por isso que emerge a greve na
UEG e é por isso que nós apoiamos essa luta dos professores, alunos e técnico-administrativos
dessa instituição.
Para entender melhor a situação,
é preciso analisar não só as mudanças mais recentes no capitalismo
contemporâneo, marcado por uma nova fase cujo objetivo máximo é aumentar o
processo de exploração a nível geral. A partir da instauração do regime de
acumulação integral, temos a constituição de novas formas de intensificação do
trabalho e de exploração internacional, mas também a instituição de novas
políticas estatais, as neoliberais, que buscam diminuir os gastos estatais
principalmente no plano das políticas estruturais de assistência social quanto
em investimentos gerais em saúde, educação e outros de vital importância para a
sociedade e que serviriam de contrapeso para o processo de aumento da
exploração dos trabalhadores, da precarização e aumento de desemprego. O único
setor em que os gastos estatais não diminuíram drasticamente foi o da chamada
“segurança pública”, pois o Estado neoliberal é “mínimo” em investimentos
sociais, mas “forte” (ou máximo) em repressão. Desde a política da “tolerância
zero”, produzida nos Estados Unidos e exportado para o resto mundo, uma das
principais características das políticas neoliberais é o aparato repressivo,
que, no Brasil, se manifesta cotidianamente e é reforçado por violência policial,
grupos de extermínio, busca de implantar pena de morte e reduzir a idade penal,
etc.
Um dos setores mais atingidos por
estas políticas são as universidades estatais (federais e estaduais). No caso
da UEG, a responsabilidade maior é dos governos estaduais. Os investimentos
nessa instituição são mínimos e sua gestão e organização são caóticas. O
processo de formação da instituição é marcado por interesses
político-partidários e eleitorais, bem como sua gestão sempre teve essa marca.
É necessário luta pela autonomia das universidades e isso é mais urgente e
grave no caso da UEG. A Comunidade Acadêmica da UEG, composta por professores,
alunos e técnico-administrativos, devem ter uma participação efetiva nesse
processo e a greve desencadeada agora tem um papel relevante não somente para
fazer essas e outras reinvindicações necessárias para a estruturação dessa universidade,
como também para “ensaiar” uma participação mais efetiva na decisão dos rumos
desta instituição.
Nesse sentido, nós apoiamos
totalmente a greve na UEG, as lutas e as reivindicações. É necessário garantir
um ensino de qualidade, gratuito, e condições para que os estudantes possam
efetivar seu processo de formação e por isso a ampliação de bibliotecas,
criação de restaurantes universitários e moradias estudantis são urgentes, da
mesma forma que melhores condições de trabalho para os professores, melhores
salários, um plano de cargos e vencimentos melhor estruturado, também. Outro
elemento fundamental para garantir o futuro da UEG é a realização de concursos
públicos e políticas de valorização dos professores para evitar a “fuga dos
doutores” por passarem em concursos em outras universidades, o que significa
que também deve haver uma política estrutural de pesquisa e extensão na
instituição, política salarial adequada ao ensino superior, recursos para
participação e realização de eventos e publicações, etc. A UEG, por exemplo,
precisa urgentemente de uma editora, o que hoje é relativamente fácil com as
novas tecnologias, mas para isso é preciso ter uma gestão que realmente entenda
da universidade e que seja composta por pessoas que conheçam o universo
acadêmico e não alienígenas de partidos políticos interessados em votos e não
no desenvolvimento da instituição. O movimento grevista na UEG precisa manter
sua luta e avançar, inclusive ampliando as reivindicações, mesmo que seja
somente para desenvolver o debate público, reflexões e novas metas para ações
posteriores, tais como lutar pela participação das instituições universitárias
fora do eixo sul-sudeste nas comissões e na elaboração das atividades e
decisões da CAPES, CNPq e outras instituições estatais. Também é necessário
abordar a questão das políticas estatais (inclusive para as universidades
federais) para a educação e exigir ampliação de recursos nos orçamentos
estaduais e federais. Além disso, outras reivindicações para a sociedade como
um todo, inclusive articulando-se com outros setores sociais, seriam
fundamentais para a luta desencadeada na UEG e reivindicando também mudanças
sociais gerais, transformação global da sociedade que cria o neoliberalismo e
uma vida desumana. Tendo em vista o caráter justo e legítimo da greve na UEG,
nós declaramos nosso apoio ao movimento.
Assinam:
NUPAC
– Núcleo de Pesquisa e Ação Cultural;
GPDS/UFG
– Grupo de Pesquisa Dialética e Sociedade;
NPM/UEG
– Núcleo de Pesquisa Marxista;
Revista Espaço Livre.
https://docs.google.com/file/d/0B4TgcavdkNkjT0Qtc1VBYTB6eDg/edit
Revista Espaço Livre.
https://docs.google.com/file/d/0B4TgcavdkNkjT0Qtc1VBYTB6eDg/edit
TODO APOIO AO MOVIMENTO GREVISTA NA UEG!
Nós do MOVAUT – Movimento
Autogestionário, colocamos publicamente o nosso apoio ao movimento grevista na
Universidade Estadual de Goiás. O movimento é legítimo e apresenta
reivindicações justas, a respeito de questões urgentes para esta instituição e
que reflexões no resto da sociedade goiana e além dela. A situação da UEG não
pode continuar dessa forma, pois sem falar das unidades com maiores problemas,
estrutura inadequada e outras questões que afetam professores, estudantes e
funcionários, as unidades mais estruturadas também passam por graves problemas
de estrutura e falta de recursos, sem contar as necessidades gerais e não
atendidas de professores, estudantes e funcionários.
Historicamente, todas as
conquistas dos trabalhadores em geral é produto de sua luta, e a greve é um
instrumental fundamental, uma das formas mais poderosas de pressão que os
trabalhadores criaram para ter suas reivindicações atendidas. Durante a
Revolução Industrial, a redução da jornada de trabalho e abolição do trabalho
infantil não foram iniciativas do Estado e da classe capitalista e sim produto
da luta e pressão dos trabalhadores. Da mesma forma, as demais conquistas
históricas dos trabalhadores foram produto das diversas lutas empreendidas e
dos movimentos grevistas desencadeados. Até mesmo quando alguns parcos e
ilusórios benefícios surgem a partir do Estado, isso é produto da tentativa de
cooptar setores da classe trabalhadora ou então para antecipar lutas e
reinvindicações mais poderosas dos trabalhadores. A luta é fundamental para
conquistas imediatas, para que a correlação de forças não seja desfavorável aos
trabalhadores e o seu grau de exploração e opressão seja muito elevado. Esse é
um momento da luta, que ajuda na mobilização, auto-organização, desenvolvimento
de consciência dos interesses coletivos e sobre os mecanismos do poder, etc.,
que abre espaço para lutas mais amplas e gerais na sociedade como um todo, no
sentido de poder contribuir com a luta coletiva pela transformação social e
emancipação humana.
A UEG não entra pela primeira vez
em greve. As greves desencadeadas anteriormente mostraram que as coisas mudaram
muito pouco desde o seu surgimento até hoje. Com a transformação de faculdades
isoladas na UEG e construção de novas unidades, o crescimento da instituição
foi acompanhado pelo crescimento dos problemas. Uma expansão desordenada e por
motivo eleitoreiros significou um processo de crescimento em condições
desfavoráveis e sob forma politicamente controlada por partidos e governo. As
greves anteriores fizeram reivindicações e algumas foram atendidas e outras
proteladas, mas surtiram o efeito de mostrar que na UEG existem professores,
estudantes e funcionários que não são mera “massa de manobra” e que lutam, reivindicam,
agem. Um dos elementos diferenciais e positivos das greves anteriores e da
atual na UEG é sua forma de organização, cuja marca é a participação de todos os
setores da comunidade universitária: professores, estudantes e funcionários,
rompendo com a tradicional separação por interesses grupais quando a questão é
coletiva e as necessidades são comuns e as que não são assim, são
complementares, pois contribuem com a qualidade do ensino, com a estruturação
da instituição, etc. Desde a experiência do Fórum de Defesa da UEG até hoje
essa experiência de unificação das lutas e da organização é uma das maiores
conquistas desse processo, o seu elemento mais avançado. Assim se consegue
unificar a luta em torno de interesses gerais de melhorias na universidade com
interesses específicos cujo resultado é fortalecer a primeira.
Por isso, o Movaut oferece todo
apoio ao movimento e suas reivindicações, mais do que justas e necessárias,
tais como a reformulação do plano de cargos e vencimentos, realização de
concurso público, aumento salarial, criação de restaurantes universitários e
moradias estudantis, entre diversas outras. Reivindicações essas que precisam
ser ampliadas, tais como a inclusão de mais recursos previstos no orçamento do
governo estadual para a UEG, democratização da instituição, entre outras e que
devem ser somadas com a luta por mudanças sociais mais gerais. O MOVAUT lança
seu apoio total ao movimento grevista na UEG e conclama a toda a população a
fortalecer essa luta que é daqueles que trabalham ou estudam nesta universidade
mas que tem importância para todos nós.
MOVAUT – Movimento
Autogestionário
Goiânia, 06 de maio de
2013
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