quarta-feira, 23 de março de 2011

SEMINÁRIO NACIONAL SOBRE A COMUNA DE PARIS


Seminário Nacional
A COMUNA DE PARIS E A AUTOEMANCIPAÇÃO PROLETÁRIA: PASSADO, PRESENTE E FUTURO
17 a 20 de maio de 2011
Unidade de Ciências Socioeconômicas e Humanas da UEG – Anápolis
Faculdade de Ciências Sociais da UFG – Campus Samambaia – Goiânia

Para informações e inscrições, clique aqui.

segunda-feira, 21 de março de 2011

Protestos de trabalhadores na Camargo Correa

O governo está enviando tropas e mais tropas para a região inclusive a força nacional de segurança, trabalhadores estão sendo presos e há denuncias de mortes na região, mas incêncios continuam a ser provocados no canteiro de obras, em anexo mandei algumas imagens)

"Abusos, corte de vantagens e até violência física foram as causas da revolta em Jirau

Atualizada: Obras não serão mais retomadas nesta segunda-feira.

Da reportagem do TUDORONDONIA

Atualizada às 10h35

Porto Velho, Rondônia - Trabalhadores da Usina de Jirau que residem em Porto Velho disseram nesta sexta-feira à reportagem do TUDORONDONIA que a revolta no canteiro de obras da Camargo Corrêa e a explosão de violência no local são conseqüências de uma série de conflitos e abusos por parte da empresa contra os operários.

A briga entre trabalhadores e motoristas de uma empresa terceirizada foi apenas o estopim para a revolta, que era latente e ganhou intensidade com o corte de hora extra, adicional noturno, entre outras vantagens suprimidas do contra-cheque dos operários.

?Eu gosto de trabalhar na Camargo, mas ultimamente a situação tem ficado insustentável, com encarregados praticando assédio moral direto em cima da gente?, diz uma trabalhadora que mora em Porto Velho e foi chamada para prestar assistência na capital aos operários que saíram de Jirau após o quebra-quebra das instalações e incêndio de mais de 50 ônibus.

"Sai de lá corrida com medo da violência. Andei dez quilômeros até arrumar uma carona. No meio do caminho, só via gente que se achava o tal (encarregados) tirando a farda e jogando no meio do mato com medo de indetificação por parte dos 'foguinhos' - o pessoal que ateou fogo em tudo", acrescenta a trabalhadora.

Segundo ela, o pânico era generalizado e todo mundo gritava: "Tira a farda que eles querem pegar os encarregados! Por via das dúvidas, eu, mesmo não sendo chefe de nada, joguei a farda no mato e meti sebo nas canelas (correu)".

Além das questões trabalhistas e do assédio moral, a comida (péssima, na avaliação dos operários) é outro foco de discórdia. ?A gente é proibido de trazer um vidro de pimenta para tentar mascarar o sabor da comida que, suspeita-se, sofre adição de salitre. A aparência é ruim e o sabor, pior ainda?, conta o operário Luiz, que, ?por necessidade?, pretende continuar trabalhando na Camargo Corrêa. "O cardápio aqui é variado: sola de sapato (bife), boi ralado (carne moida), cobrão (peixe, tipo bagre, carregado no colorau), bife de zoião (ovo), tudo preparado com 'capricho' pra ficar bem ruim mesmo. E o pior é que a gente paga por isso e não tem outra alternativa, pois estamos a vários quilômetros da cidade mais próxima", acrescenta.


?É bom que as pessoas saibam que, embora o clima de revolta fosse geral, apenas alguns 'peões' rodados participaram do quebra-quebra e dos incêndios. São pessoas aliciadas pela Camargo Corrêa em outros estados, com promessas de vantagens e mais vantagens. Brincar com peão é coisa perigosa. Essa gente é sem eira nem beira e não tem nada a perder, e deu no que deu. Todo mundo falava que isso ia acontecer. Inclusive tinha gente lá que sabia da intenção de tocar fogo em tudo, pois me contaram que já haviam feito isso em outras obras de outros estados?, relatou um encarregado.

Perguntado sobre a ação do Sindicato da Construção Civil para levar estas queixas à gerência da Camargo, o encarregado emendou: "É tudo um bando de pelego, vendido pra construtora. Esse povo perdeu a moral aqui, e se aparecesse no local na hora da revolta, teriamos sindicalistas enforcados e grelhados na brasa".

Todos pediram para não ter o nome citado na reportagem temendo algum tipo de represália por parte da empresa.
Há relato de casos de violência física por parte de funcionários da Camargo Corrêa contra operários, que relataram os fatos os fatos aos ministérios públicos Federal, estadual e do Trabalho, que ouviram também queixas contra ?os preços exorbitantes dos produtos no canteiro de obras?.

Os trabalhadores também reclamam do descumprimento de contrato trabalhistas em relação à folga a que têm direito a cada quatro meses de trabalho.

Numa reunião nesta sexa-feira com os ministérios públicos do Trabalho, Federal e Estadual, as reclamações contra a Camargo Corrêa mostraram que, diferente do que diz a empresa, as relações trabalhistas no canteiro de obras nunca foram normais.

Durante a reunião, trabalhadores e dirigentes sindicais relataram que havia crescente clima de insatisfação dos trabalhadores de Jirau com a empresa Camargo Corrêa por causa dos critérios de divisão da Participação nos Lucros (PL) realizada no final do ano, existência de violência física sofrida pelos empregados, atribuída aos funcionários da Camargo Corrêa; ocorrência de vencimento de ?baixadas? (folgas de campo concedidas aos trabalhadores pela empresa a cada quatro meses de trabalho) e prática de preços exorbitantes dos produtos oferecidos aos trabalhadores pela empresa Camargo Corrêa.

Segundo eles, a insatisfação contribuiu para a crise que se instaurou na usina na terça-feira, dia 15 de março. A agressão de um trabalhador por três motoristas de ônibus foi o estopim para o início dos acontecimentos. Os trabalhadores solicitaram que as medidas trabalhistas que forem adotadas contemplem todas as empresas, inclusive as terceirizadas."

O consórcio Energia Sustentável do Brasil, responsável pelas construção da hidrelétrica de Jirau, informou que as obras continuarão paralisadas, diferente do que havia anunciado anteriormente quando divulgou que os trabalhos em Jirau reiniciariam nesta segunda-feira.
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Sem telão, só manifestantes vão à Cinelândia durante discurso de Obama

Protesto na Cinelândia

Sindicato diz ter reunido 600 pessoas em protesto contra Obama

Enquanto Barack Obama cumpria sua agenda carioca neste domingo, protestos no Centro condenaram a política do governo americano. Sem telões para que o povo pudesse acompanhar seu discurso fora do Theatro Municipal, a Cinelândia virou palco para manifestantes.

Cerca de 300 pessoas se reuniram na praça antes e durante o discurso, afastados pelo cordão de segurança que os mantinha a cerca de cem metros da entrada do teatro.

Eles entoavam refrãos e erguiam bandeiras de movimentos diversos, desde bolivarianos e marxistas-leninistas a brigadas populares e trabalhadores sem-teto.

Sem conseguir acompanhar nada dito pelo presidente, a multidão vaiou quando os primeiros convidados começaram a sair. O presidente, cercado por forte esquema de segurança, já saíra por trás.

Mas o protesto maior e mais coeso não conseguiu chegar à Cinelândia. Mais cedo, militantes de sindicatos, partidos e entidades estudantis marcharam da Glória até o Centro.

De acordo com Emanuel Cancella, secretário-geral do Sindicato dos Petroleiros (Sindipetro-RJ), o protesto reuniu cerca de 600 pessoas. Eram militantes do PSTU, PSOL, MST, Sindipetro, movimentos estudantis e outros grupos.

Depois de uma manifestação com os mesmos participantes ter terminado com violência na sexta-feira, os organizadores resolveram dispersar o protesto pouco antes de chegar à Cinelândia, já que cerca de 200 metros adiante havia um bloqueio armado por pelo menos 40 policiais da cavalaria e do Batalhão de Choque.

“Queríamos chegar até a praça, mas a prioridade era fazer uma manifestação pacífica”, diz Socorro Gomes, presidente do Centro Brasileiro de Solidariedade aos Povos e Luta pela Paz (CeBra Paz).

“Foi com ordem, porém firme, mostrando que aqui não há um consenso. Conhecemos a política dos Estados Unidos. Eles não têm amigos, e sim interesses. Querem nossos recursos naturais e o domínio geopolítico”, diz Socorro.

Na sexta-feira, um protesto teve desfecho violento em frente ao Consulado dos Estados Unidos. Dois coquetéis molotov foram lançados em direção ao edifício, e um deles atingiu um segurança, que sofreu queimaduras. A polícia reagiu com bombas de efeito moral e tiros de balas de borracha.

Após a confusão, 13 manifestantes foram presos, entre eles um de 16 anos e uma mulher de 67.

As críticas às prisões foram uma das principais bandeiras levantadas pelos manifestantes neste domingo. Cyro Garcia, dirigente nacional do PSTU, diz que as prisões foram arbitrárias e aleatórias e classificou-as como “as primeiras prisões políticas do governo Dilma”.

Protesto na Cinelândia

Protesto contou com membros de partidos políticos e grupos estudantis

Para Cyro, as detenções são uma forma de tentar calar as manifestações durante a visita de Obama. “As pessoas que estão detidas não têm qualquer responsabilidade por esse fato. A nossa manifestação era pacífica, mas no final alguns indivíduos se infiltraram e cometeram esse vandalismo. As organizações que faziam parte da manifestação são radicalmente contra esse tipo de método”, diz.

A mãe e a irmã mais nova de dois jovens presos participaram da caminhada. Chirlete Proença Natal diz que está "desesperada" com a prisão da filha Gabriela, estudante de História da Arte na Uerj (Universidade Estadual do Rio de Janeiro), de 24 anos, e do filho Yuri, que cursa Geografia na UFF (Universidade Federal Flumimense).

Ela diz que Gabriela está numa cela do presídio Bangu 8, e Yuri no presídio de Água Santa. Ele já teria tido a cabeça raspada, assim como os demais presos. A filha caçula também estava na manifestação e correu para a delegacia quando soube que os irmãos tinham sido levados.

“Na hora da confusão, eles correram, como todos nós. Mas quando foram presos já estavam na Cinelândia recolhendo bandeiras. Os policiais estavam procurando qualquer um para mostrar serviço”, diz ela, que costuma participar de manifestações com os irmãos e afirma que eles nunca se envolveram em incidentes.

Antes da dispersão do protesto, um dos organizadores convocou uma nova manifestação amanhã, na Cinelândia, às 17h. “Vamos lavar o chão onde pisou o chefe do império. Tragam vassouras e produtos de limpeza. E agora vamos todos pacificamente para casa”, falou pelo megafone.

Mas no domingo o cheiro de produtos de limpeza já era forte na praça, após a limpeza feita pela prefeitura antes que o presidente Barack Obama chegasse. Um trecho da avenida Rio Branco ainda estava molhado e coberto de espuma no início da tarde. E, diferentemente de outros domingos ou dias de evento, não havia moradores de rua nem vendedores ambulantes na Cinelândia.

segunda-feira, 14 de março de 2011

Protestos em Portugal

Manifestações por todo o país não foram só para os jovens. Os pais, os avós e os filhos também foram à rua protestar.

«O país precário saiu do armário». As palavras de ordem apelavam aos jovens, aos «desemprecários» de uma geração que se diz à rasca. Foi por eles que o manifesto se foi propagando no Facebook. Mas hoje eles não estiveram sozinhos.

Centenas de milhares de portugueses saíram à rua para protestar pacificamente contra não só um Governo, um ou outro pacote de austeridade, mas sobretudo por condições de vida que foram perdendo sem saberem muito bem porquê.

À falta de números oficiais (será mesmo possível contá-los?), em Lisboa fala-se de 200 mil pessoas num protesto pacífico, muitas vezes até silencioso, que encheu a Avenida da Liberdade por completo.

«O povo não precisa de partido». «Com precariedade não há liberdade». «Somos todos trabalhadores, precários são os vínculos». «Esta é a nossa moção de censura». Os cartazes eram muitos. Ouvia-se falar em «revolução precária», viam-se muitos cravos de Abril e também se cantava «Grândola, vila morena».

Eram jovens, com os filhos, os pais, os avós, desde bailarinas a arquitectos e estudantes, anarquistas, comunistas e nacionalistas, com roupas hippies mas também de marca. Estavam lá todos. «O país está à rasca», lia-se na faixa da linha da frente.

Também não faltaram os grupos políticos, partidos dos animais, activistas homossexuais, artistas de rua, clientes de bancos. E, claro, os «Homens da Luta», com a sua própria manifestação, em cima de uma carrinha, com colunas de som que ajudavam a espalhar as letras dos «camaradas, pá».

No Rossio, Jel e Falâncio tiveram ainda a ajuda da Dona Estela, uma senhora de 80 anos que não esquece certamente os tempos da grande luta. E para comemorar a vitória no Festival da Canção, houve pão, queijo e vinho para todos.
As razões de estarem todos ali?

Diogo Monteiro, 26 anos: «Eu estou entre trabalhos, tanto posso estar a trabalhar hoje como amanhã não ter trabalho».

João Silvestre, 24 anos: «Tirei um mestrado com média de 18, mas como sou altamente qualificado não consigo arranjar trabalho».

Luís Santos, 25 anos: «Estive a estagiar numa empresa internacional, propuseram-me fazer outro estágio e agora estou a receber um ordenado miserável».

Ana Simões, 38 anos: «12 anos a recibos verdes acho que é razão suficiente para estar aqui hoje».

Ana Mateus, 37 anos: «Estou há 14 anos a recibos verdes, até como directora de uma instituição».

No Porto, em Ponta Delgada, em Viseu, em Braga, em Coimbra, em Castelo Branco e no Funchal foi a mesma coisa.

Foram horas de protesto, muitas conversas mais ou menos revolucionárias e um grande ponto de interrogação no que vão conseguir na prática. «A luta continua quando o povo sai à rua». A canção, pelo menos, promete mais.

Veja mais notícias em:
http://www.tvi24.iol.pt/sociedade/geracao-a-rasca-protesto-lisboa-facebook-manifestacao-tvi24/1239040-4071.html

Comitês Populares, embriões de formas de auto-organização e luta de classes na Líbia

Os comitês populares líbios devem ser à base de uma nova vida, não uma mera medida transitória
A luta do povo líbio, que é parte da onda de rebeliões populares que se espalha como fogo em todo o mundo árabe, está adquirindo um caráter verdadeiramente dramático, com o povo que segue avançando sua luta contra um regime decidido a permanecer no poder por todos os meios. Gadaffi, pese o seu passado como uma dor de cabeça para os Estados Unidos, se converteu em um aliado chave para a Guerra contra o Terrorismo, a qual foi corroborada pela torpe e tardia reação dos Estados Unidos ante os eventos na Líbia, assim como pela igualmente tardia suspensão da União Européia de seu considerável comércio de armas com o regime líbio. Ainda que os Estados Unidos e as potências ocidentais pareçam re-descobrir que, depois de tudo, não lhes agradava tanto Gadaffi (depois de uma década de relações amistosas), começaram a falar de uma possível intervenção e porta aviões dos Estados Unidos tem se aproximado das costas líbias. Os resultados que poderiam ter semelhante aventura seriam horrendos. Entretanto, os Estados Unidos e seus aliados do Ocidente exploram as formas para assegurar que esta rebelião, tanto na Líbia quanto no resto do mundo árabe, não se comporte de forma revolucionaria e assegurar que seus interesses econômicos e estratégicos sejam servidos da melhor maneira possível em um cenário pós-Gadaffi. Para entender melhor o que ali ocorre, mantivemos outra conversa com nosso amigo e camarada, o anarquista sírio Mazen Kamalmaz, que edita o blog revolucionário: http://www.ahewar.org/m.asp?i=1385  
José Antonio Gutiérrez D.
3 de Março, 2011
Pergunta > O que é que está realmente ocorrendo na Líbia e no resto do mundo árabe?
Mazen Kamalmaz < É uma revolução. Depois de 42 anos sendo governadas pelo regime de Gadaffi, as massas tem saído às ruas. O mal, é que pela brutal repressão do regime, esta revolução só pode ser exitosa na parte Leste do país, a qual também possui diferentes tribos do Oeste e do Centro da Líbia. Rapidamente, as forças leais ao regime se repuseram da surpresa e sufocaram a rebelião em Trípoli, a capital, assim como no resto da Líbia, utilizando uma força extremadamente brutal. As massas tentaram sair novamente na quarta-feira passada, que foi um dia de furiosos protestos em todos os países árabes, mas não foram capazes de fazer frente às forças do regime. Agora existe uma situação de estabilidade entre dois poderes, o do povo e o do regime, ainda que ambas estejam tratando novamente de capitalizar esta situação a seu favor.
Independente dos protestos na Líbia, Iêmen esta ardendo durante semanas. Neste país existem várias tribos e minorias religiosas, a parte dos conflitos entre um norte dominante e um sul marginalizado que demanda autonomia. Os estudantes universitários e secundaristas têm conseguido, graças a sua devoção pela liberdade plena e sua vontade para sacrificar-se por esta causa, converterem-se em um fator de convergência para todas as facções da nação em torno ao objetivo de derrubar a ditadura.
A quarta-feira passada também foi bastante agitada no Iraque, onde milhares de jovens iraquianos, tanto sunitas como xiitas, os quais estiveram a pouco tempo as bordas de uma guerra civil, saíram as ruas para protestar contra o corrupto governo pró-yanque. A polícia respondeu com a mesma repressão que em outras partes, o que ocasionou algumas mortes entre os manifestantes.
O Sultanato de Oman também se uniu aos países em rebelião, quando os jovens saíram às ruas a gritar, como em outras partes, por mais liberdade e melhores condições de vida.
Pergunta > Ainda há aqueles que olham Gadaffi como um socialista e um anti-imperialista… isto está certo?
Mazen < Este é um mito bastante enganador e ilusório, e é produto da antiga esquerda autoritária, que ainda persiste. Isto, devido em parte, ao renascimento da esquerda autoritária com figuras como Chávez.
Devemos ter em mente que o regime de Gadaffi tem gozado de uma melhoria significativa em suas relações com as principais potências ocidentais desde 2003, depois de que o ditador líbio abandonou seu programa nuclear. Então, a ex-secretaria de Estado dos Estados Unidos, Condolezza Rice, proclamou este gesto como um modelo para restaurar as relações normais entre os Estados Unidos e os países do terceiro mundo, inclusive aqueles que os Estados Unidos tem qualificado como regimes “canalhas”. Isto abriu as portas a Berlusconi, Blair e Sarkozy para que visitassem a Líbia e assinassem multibilionários contratos com empresas ocidentais, incluindo venda de armamento. Assim, Gadaffi acabou aparecendo inclusive em uma reunião do G8 para conversar com Obama. Igualmente com Ben Ali e Mubarak, as grandes potências capitalistas, sinceramente ignoraram as violações aos direitos humanos do regime de Gadaffi, cometidas contra seu próprio povo. Ainda quando Gadaffi se declarava um antiimperialista, faz muito tempo, não era outra cosa mais que lábia que utilizava enquanto se envolvia, como autoritário que é, em atos terroristas triviais, os quais não foram feitos para apoiar os objetivos libertários das vítimas do imperialismo.
Devemos distinguir entre ser anti-yanque, anti-capitalista e ser um genuíno socialista, já que não são poucos os anti-yanques que são tão autoritários e repressores como o sistema global do fascismo corporativo ou como os regimes pró-yanques. Não nos esqueçamos do estalinismo. Gadaffi mesmo chegou ao poder quando o nacionalismo árabe estava em seu clímax, o qual era anti-imperialista em um sentido retórico, ainda que tenha conduzido aos países árabes de derrota em derrota em todas suas confrontações com o imperialismo e sua agente local mais importante, Israel. A última destas derrotas foi o Iraque no ano de 2003. Depois da derrota de 1967 do Egito, Síria e Jordânia, por parte de Israel, muitos esquerdistas terminaram por chegar à conclusão de que a natureza exploradora e repressiva destes regimes era a verdadeira responsável por estas derrotas. No ano seguinte, jovens e estudantes egípcios começaram a protestar contra o regime de Nasser, protestos que tiveram conotações libertarias. O fato é que o Egito sob Nasser, Iraque sob Saddam ou Síria sob Assad, todos tem sido meros exemplos de capitalismo de Estado burocrático, ou seja, regimes que tem reprimido e explorado seu próprio povo.
Pergunta > Qual foi o papel dos Estados Unidos na crise? Sabendo-se que Gadaffi esteve em bons termos com eles durante bastante tempo…
Mazen < Durante a Guerra Fria, ambas potências repressoras como foram os Estados Unidos e a URSS, praticaram um jogo dúbio: por um lado, reprimiam a seus próprios povos em sua esfera de influência e “apoiavam” as lutas de liberação nas esferas de influência de seu rival. Assim, a União Soviética apoiou a luta popular vietnamita contra a intervenção yanque e a Revolução Cubana, assim como outras rebeliões na América do Sul e outros lugares infestados de ditadores pró-Estados Unidos. Por outro lado, os Estados Unidos e o bloco capitalista apoiaram a onda de protestos na Europa do Leste, etc. Este jogo hipócrita ainda é jogado hoje. Os Estados Unidos estão ansiosos em apoiar rebeliões no Irã, por exemplo, mas jamais na Arábia Saudita. No Iraque, o governo de Bush ajudou a Saddam a retomar o poder mesmo após sua derrota na primeira Guerra do Golfo em 1991, em momentos em que este enfrentava uma enorme revolução popular e apenas uma pequena parte do Iraque estava sob seu governo. Sua intenção era derrotá-lo quando fosse mais fácil e quando fazê-lo não significaria um risco para seu domínio regional.
Mas o mundo está girando a todo tempo, às vezes contra a vontade dos Estados Unidos, como ocorreu no Egito e na Tunísia. Apesar de todos seus esforços para manter a Ben Ali e a Mubarak no poder, as massas criaram uma nova realidade, a qual os Estados Unidos estão tratando de adaptar-se. Na Líbia, as coisas são um pouco diferentes. Os Estados Unidos são como um animal predador, que têm em sua frente a um regime de Gadaffi debilitado e detestado por seu povo e sobre tudo com um território líbio cheio de petróleo. O qual lhes aparece como uma vítima fácil e de grande porte. A parte disto pode ter a vantagem adicional de fazer aparecer o principal apoio das ditaduras em nossa região, os Estados Unidos, como se fosse um lutador pela liberdade, ajudando a liberar de seu sanguinário ditador, ao qual consideravam até há pouco tempo um amigo, a uma nação desamparada. O mal de ser um predador é que não consegue resistir à tentação de uma presa fácil, pese a suas experiências dolorosas passadas. É muito importante levar em consideração quando se fala deste possível plano de intervenção dos Estados Unidos que ninguém na Líbia, nem as massas rebeldes, nem sequer a oposição líbia no Ocidente, está a favor de uma intervenção militar estrangeira.
Desde sempre, tal coisa seria um golpe contra a luta de toda nação líbia, um golpe contra sua luta independente pela libertação e também representaria uma ameaça contra seu futuro. Os líbios estão a ponto de derrubar o regime e conquistar a posse de seu petróleo e de sua vida. Eu não creio que, ao menos a maioria deles, estejam dispostos a sacrificar o que tem conquistado até agora em troca de uma vitória fácil, mas que não seria sua própria vitória.
Pergunta > Qual é a natureza do governo civil-militar declarado hoje (27 de fevereiro) em Benghazi?
Mazen < Ainda não existem instituições estatais propriamente ditas nas áreas liberadas. Há aqueles que estão tentado consolidar sua liderança elitista, mas sem êxito até o momento.
Faz pouco tempo a imprensa yanque e a imprensa árabe pró-yanque, começaram a falar de um conselho interino em Benghazi, o qual estaria liderado por um ex-ministro do governo de Gadaffi, somente para ressaltar sua posição favorável a uma possível intervenção dos Estados Unidos. A parte deste suposto conselho interino, nenhuma outra força ou grupo das zonas liberadas, aceita tal intervenção.
Pergunta > Qual é o papel dos Comitês Populares líbios? Estão criando, o povo, mecanismos para sua própria democracia direta?
Mazen < Na prática, estes comitês, se converteram em parte integral de todas as revoluções no mundo árabe. Considero que sim, são bons exemplos de democracia direta. Todas as zonas libertadas são controladas por eles, tal qual ocorreu depois da queda de Ben Ali na Tunísia e depois de que Mubarak ordenara as suas forças de segurança abrir o caminho aos bandidos para que saqueassem por todas partes a fim de amedrontar as massas rebeldes. O que necessitamos agora é que se convertam em uma nova forma de vida, e não sinceramente em uma medida provisória: tal deve ser nossa mensagem as massas.
Pergunta > Há aqueles que têm levantado as bandeiras da monarquia… acreditas que o fantasma de um retorno ao velho regime de Idris esteja em vista?
Mazen < Para dizer a verdade, qualquer coisa pode suceder. Creio que nem sequer os líbios rebeldes sabem muito bem quem ou como governará o país quando consigam derrubar a Gadaffi. Devem descobrir eles mesmos sua própria maneira de fazê-lo. Mas creio que é difícil que isto ocorra, pois já não se submeterão facilmente a um novo governo. Tiveram conhecimento de seu poder e não será fácil lhes expropriarem isso novamente.
Pergunta > Qual é a perspectiva no imediato para esta rebelião?
Mazen < Depende. Ainda não foi finalizada a luta contra a ditadura, nem ela foi ganha. Mas devemos perceber o enorme potencial que existe. A vitória da revolução significará uma grande mudança na região. Devemos ter em mente que a Nova Ordem Mundial foi declarada e implementada aqui pela primeira vez, em função da crise do Golfo, em 1990 e 1991. Desde então, esta região tem substituído a América do Sul como o pátio traseiro de Washington. Somado ao que já vimos na Tunísia ou no Egito, as mudanças serão duradouras e profundas. Como sempre, há duas opções: ou se instaura um novo regime das elites, ou as massas conseguem construir uma sociedade verdadeiramente livre, organizada segundo o modelo destes comitês populares que o mesmo povo criou no calor de sua luta.
Tradução > Juvei
agência de notícias anarquistas-ana
janela aberta
com a luz dela
quem não desperta
Estrela Ruiz Leminski

sexta-feira, 11 de março de 2011

REPRESSÃO DA GUARDA MUNICIPAL A MANIFESTANTES NO CARNAVAL

A Prefeitura(PT) de Fortaleza autorizou o aumento da passagem de ônibus de 1,80 para 2,00 que passou a vigorar no domingo de carnaval e desde então os empresários lucram mais vinte centavos em cima de cada passagem paga.

Mesmo num período desmobilizador o aumento não veio sem resistência. O Forum de Luta Pelo Passe Livre esteve nos shows do aterro da Praia de Iracema fazendo intervenções e levantando suas faixas que foram muito bem aceitas pela população que vaiou o prefeito em exercicio(Acrisio Sena).

Porém na noite da terça feira, no mesmo aterro aterro da Praia de Iracema durante as festividades do carnaval a Guarda Municipal de forma violenta tentou impedir o protesto pacífico feito pelo Forum de Luta Pelo Passe Livre que agrega estudantes da UFC, UECE e outros militantes sociais.

A Guarda Municipal tentou tomar e rasgar a faixa que estava levantada, agrediram com cacetetes e socos, além de covardemente terem jogaram spray de pimenta em várias pessoas.

Apesar disso, conseguimos manter a faixa erguida sob aplausos do público presente na festa, por sua vez, vaiaram e atiraram areia na Guarda Municipal que, tentou de forma truculenta reprimir um protesto legítimo contra o aumento abusivo da passagem em Fortaleza.

segunda-feira, 7 de março de 2011

Forças pró-Khadafi intensificam combate contra rebeldes

Rebeldes próximos a Ras Lanuf

Rebeldes sofreram revezes em cidades que haviam conquistado

As forças rebeldes na Líbia estão enfrentando uma resistência crescente por parte das tropas aliadas do líder Muamar Khadafi.

Correspondentes da BBC relatam que o avanço dos rebeldes rumo a oeste – a partir de seu bastião, em Benghazi – tem sido contido pelas tropas de Khadafi, que, lançando mão de ataques aéreos, recuperaram o controle da cidade de Bin Jawad.

A TV estatal mostrou imagens de Bin Jawad sendo “liberada de mercenários” pelas tropas do regime – que contam com mais armas e mais munição que os rebeldes, destaca o correspondente John Simpson, que está acompanhando os insurgentes.

Há relatos de que os rebeldes tenham perdido território também na importante cidade petrolífera de Ras Lanuf.

A população está fugindo da cidade, e a ONU estima em 200 mil o número de deslocados pela violência na Líbia desde o início da onda de protestos no país, em 17 de fevereiro.

O correspondente Wyre Davies relata que o regime de Khadafi tem demonstrado confiança, mas ressalta que o governo conta com uma forte máquina de propaganda.

Os jornalistas têm sido impedidos pelas autoridades de visitar as áreas onde acredita-se que o combate seja mais intenso e onde têm havido mais mortes.

Comunidade internacional

No front externo, se intensificam os debates sobre um bloqueio aéreo na Líbia, numa tentativa de impedir que as aeronaves militares do regime realizem bombardeios contra os rebeldes.

Países árabes do golfo Pérsico pediram nesta segunda-feira que o Conselho de Segurança (CS) da ONU implemente o bloqueio aéreo, e a Grã-Bretanha confirmou que está redigindo uma resolução para tentar concretizar a ideia.

No entanto, a correspondente da BBC na ONU Barbara Plett relata que há ceticismo mesmo entre defensores da medida. “Alguns diplomatas sugerem que o bloqueio seria sobretudo uma medida política para satisfazer as demandas do público por ações.”

O presidente dos EUA, Barack Obama, disse que a Otan (aliança militar ocidental) está considerando a opção militar como resposta à situação na Líbia, mas o secretário-geral da aliança, Anders Fogh Rasmussen, afirmou à BBC que não há planos de intervenção e que qualquer ação dependerá de eventual autorização da ONU.

A Rússia, por sua vez, reiterou nesta segunda-feira sua oposição a qualquer intervenção militar na Líbia, segundo a agência local RIA Novosti. O país tem poder de veto no Conselho de Segurança.

Seguem os protestos árabes, ainda sem respostas

Seguem os protestos árabes, ainda sem respostas


Por Stephen Lendman, do Countercurrents | Tradução: Coletivo VilaVudu
Até agora, semanas de rebeliões regionais nada conseguiram. Apesar da saída de Mubarak da presidência do Egito e de Ben Ali, da Tunísia, os dois regimes permanecem governando, e nada oferecem além de promessas.
Dia 26/2, um mês depois das primeiras manifestações, os egípcios voltaram a protestar na Praça Tahir. Naquele dia, foram atacados pelas forças militares. A Agência Reuters, sob manchete que dizia “Militares egípcios enfurecem manifestantes no Egito, com show de força”, noticiava:
“Soldados usaram a força no sábado para interromper manifestação que exigia mais reformas políticas no Egito, segundo manifestantes, no ataque mais dura, até agora, contra ativistas de oposição que acusam os militares egípcios de estarem “traindo o povo”.

Houve violência, espancamentos, feridos, bombas de gás lacrimogêneo, tiros disparados para o ar, e ameaças de ação ainda mais dura, se os protestos prosseguirem. A Al-Jazeera noticiou:
“Os manifestantes deixaram a praça principal, mas muitos se reuniram em ruas laterais (…) Testemunhas contam que viram muitos manifestantes caídos, mas não puderam precisar se eram mortos ou feridos, nem a gravidade dos ferimentos.”
Asfraf Omar, que participava das manifestações, disse:
“Sou um dos milhares que não arredamos pé da praça depois que o exército apareceu para dispersar os manifestantes, com munição real e tiros para o alto para nos assustar”.
Disse que os soldados usavam máscaras para não serem identificados. Usaram ônibus militares para levar prisioneiros. Foi caçada de gato e rato: “Acabou a solidariedade entre o povo e o exército.”
Essa solidariedade, de fato, jamais existiu, só a ilusão de que generais com olhos de facínoras seriam democratas ‘de coração’. O exército comandou um governo linha-dura durante décadas, regiamente recompensado por tornar efetiva a repressão pelo estado.
“Usavam porretes e bastões eletrificados”, disse Omar. “Achei que as coisas pudessem mudar. Quis dar uma chance ao governo, mas esse regime não tem salvação. Não serve para nada. Estou de volta às ruas. Ou conquisto alguma dignidade para viver, ou morro na rua.”
Os egípcios querem renúncia imediata da junta militar e a libertação de todos os prisioneiros políticos. Estão ofendidos pela ausência de qualquer proposta, e porque o primeiro-ministro interino Ahmed Shafiq manteve no poder todos os asseclas de Mubarak.
Resultado, a luta está outra vez nas ruas. Ouvem-se slogans ‘contrarrevolucionários’: “Não queremos mais Shafiq. Se quiser, que mande bala.” “Revolução até a vitória”, “Contra Shafiq”, “Contra o palácio”, “Não sairemos daqui. Quem sairá é Shafiq”. “Os mortos não morreram por isso”. “Shafiq é aprendiz de Mubarak. Queremos um novo começo. Shafiq não é começo. Recusamos Shafiq.”
A Agência Reuters noticiou também milhares de manifestantes em Ismailia, Arish, Suez e Port Said. Além disso, e importante, as greves continuam em todo o país, por melhores salários, moradia decente, fim da corrupção e governo democrático. Estão em greve mineiros e trabalhadores das indústrias metalúrgica, têxtil, química e farmacêutica; trabalhadores de uma usina de processamento de alimentos; professores, motoristas de ônibus e outros trabalhadores nos transportes públicos; trabalhadores de ONG religiosas, e muitos outros que reivindicam direitos trabalhistas. São movimentos que pouco conseguem, mesmo em países desenvolvidos.
A junta de governo no Egito declarou as greves ilegais, sob o argumento de que “põem em risco a nação e estão contra ela.” Disse também que “a atual situação política muito instável não é propícia para discutir-se uma nova constituição.” São especialistas em repressão, não em governo democrático. Deles, não virá nenhuma solução democratizante.
Protestos na Jordânia
Praticamente não noticiados no ocidente e não, com certeza nos veículos da grande imprensa-empresa nos EUA, que está concentrada em esquartejar Gaddafi, os protestos na Jordânia foram notícia no jornal Haaretz, de Israel. Avi Issacharoff, em matéria de 25/2, sob a manchete “Milhares de jordanianos em manifestações em Amã, pela sexta sexta-feira consecutiva”, dizia:
Mais de 5.000 pessoas “exigiram reformas políticas e a dissolução da Câmara Baixa do Parlamento”. Uma semana antes, policiais sem uniforme atacaram os manifestantes. Houve no mínimo seis feridos. O governo da Jordânia negou qualquer envolvimento no ataque. A maioria da população duvida. Os manifestantes exigem o fechamento da embaixada de Israel em Amã; a restauração da Constituição de 1952 – que consagrava o governo representativo. Nas últimas décadas, os direitos democráticos foram gravemente reduzidos na Jordânia. Os manifestantes os querem de volta. O rei Abdullah II prometeu reformas, até aqui ainda não vistas, e que só serão vistas, se o forem, se a monarquia for pressionada.
Protestos de Massa no Iraque
Anteontem, dia 25/2, dezenas de milhares de manifestantes reuniram-se em todo o país contra a ocupação dos EUA, a opressão, a corrupção, o desemprego, a miséria, e por melhores serviços públicos (água potável, eletricidade e assistência médica, dentre outros), contra a carestia dos alimentos e contra toda a miséria humana que desabou sobre o Iraque com a invasão norte-americana.
Houve violência, a segurança iraquiana usou munição viva em Bagdá, Basra, Mosul, Fallujah, Tikrit e por todo o país. Há pelo menos 15 mortos e dezenas de feridos. O Grande Aiatolá Ali al-Sistani falou à televisão Al Sumaria contra as manifestações. Disse que facilitariam a ação de “infiltrados”. Moktada al-Sadr disse, sem se envergonhar, pela televisão, que as forças do estado “tentam destruir tudo que o Iraque obteve, que não tinha, todos os ganhos democráticos, as eleições livres, a alternância pacífica de poder, e a liberdade. Em nome de preservar tudo isso, conclamo-os a derrotar o inimigo, não promovendo manifestações de rua.”
A verdade é que o Iraque vive sob ocupação, sem direitos, sem democracia, sem empregos, vivendo em condições subumanas, sem qualquer possibilidade de qualquer mudança, se não derrotarem a ocupação. Um homem discursou e denunciou o governo de al-Maliki, chamou-o de mentiroso e disse:
“Sou operário. Trabalho um dia e passo um mês desempregado. (Maliki) diz que vivermos hoje melhor do que sob Saddam Hussein. Não vejo qualquer melhoria.” Dezenas de milhares em todo o país exigem o que não veem acontecer. Não parece haver qualquer dúvida de que as manifestações crescerão também no Iraque.
Protestos na Tunísia
[que renunciou ontem, domingo, 27/2, pela tarde (NE)] e de outros nomes do governo Ben Ali que permanecem no poder. A polícia atirou para o ar para dispersar as manifestações. Helicópteros sobrevoaram as ruas e praças. Os manifestantes gritaram “Vá-se!” e “Não queremos os amigos de Ben Ali!”
O ministro do Interior proibiu todas as manifestações de rua e disse que manifestantes que desobedeçam serão presos. Washington e outros governos ocidentais que apóiam o regime de Ghannouchi regime, porque preservaria a estabilidade, quando, de fato, é repetição das velhas políticas, em mãos de praticamente os mesmos governantes. Em visita à Tunísia, semana passada, o senador John McCain (um dos quatro mais reacionários da atual legislatura, no Senado dos EUA) declarou à Agência Reuters:
“A revolução na Tunísia foi sucesso completo e é hoje modelo para a região. Estamos prontos para continuar a oferecer treinamento aos militares tunisianos, para preservar  a segurança de todos”.
A verdade é que nada mudou na Tunísia, nem no Egito, nem na Jordânia nem em lugar algum da região. Todos os velhos governos continuam onde sempre estiveram. Houve levantes, que continuam, mas ainda não houve qualquer revolução. São insurreições quase sempre violentas, convulsas, que ainda não removeram mas podem vir a remover os velhos governos naqueles países, exceto talvez na Líbia, onde há confrontos armados e os rebeldes já controlam partes importantes da capital. Adiante, mais sobre a Líbia.
Protestos no Iêmen
Manchete de 25/2, da Agência Reuters: “Mais dois mortos nos protestos em Aden, no Iêmen”. E o artigo:
“Forças de segurança mataram os dois, e mais dois, e feriram dezenas. Continuam há uma semana os protestos, diários, desde 17/2, em cidades e províncias pelo país. A agitação tem sido especialmente intensa no sul, que já foi país independente, onde muitos ainda se ressentem da unificação sob governo do norte”.
Houve grandes manifestações na capital Sanaa depois das orações da sexta-feira, com manifestantes que gritavam “O povo exige o fim do regime”. A mídia local informou que mais de 80 mil participantes reuniram-se, inclusive mulheres, aos gritos de “Fora” Fora!”
Os manifestantes foram atacados por grandes contingentes de militares e policiais. Passadas várias semanas de protestos, há dezenas de mortos. Mas os iemenitas permanecem nas ruas. Na sexta-feira, um manifestante disse que “Viemos para tomar a cidade do poder do palácio presidencial (de Saleh).” Outros disseram que “é o começo do fim do regime”,
Até aqui, nenhum dos dois lados cedeu, mas as manifestações de rua só fazem aumentar. Apesar disso, Saleh e seu grupo continuam no poder. Haverá derramamento de sangue, se essa situação persistir. Não há indícios de fim para essa crise.
Manifestações incendeiam a Líbia
Ontem, 26/2, a Al-Jazeera noticiava que a pressão contra Gaddafi cresce. “No país, os manifestantes antigoverno dizem que as manifestações estão ganhando novos apoios”, com deserções entre os soldados regulares. Até aqui, a Brigada Khamis, do governo líbio, um exército de forças especiais, permanece fiel ao regime, combatendo contra as forças de oposição.
A violência tem sido extrema, na Líbia. Há centenas de mortos e muitos feridos, O leste da Líbia já está, em grande parte, sob controle dos rebeldes. “Forças da segurança atiraram contra manifestantes na capital Trípoli, depois das orações da sexta-feira. Houve combate pesado também em Fashloum, Ashour, Jumhouria e Souq Al.”
Dia 26/2, manchete do jornal Haaretz dizia: “EUA impõem sanções unilaterais à Líbia e congelam propriedades de Gaddafi”, o que Obama fez mediante decreto do executivo contra ele, sua família e altos comandantes, e contra o governo da Líbia.
Dia 26/2, Helene Cooper e Mark Landler do New York Times publicaram coluna, sob o título “Depois das sanções dos EUA, o Conselho de Segurança da ONU reúne-se para discutir a Líbia”.
Uma coisa, é claro, é defender o acesso ao petróleo da Líbia, no interesse das gigantes norte-americanas do petróleo. Como no Egito e em toda a região, nada disso tem qualquer coisa a ver com derrubar governos despóticos nem com implantar qualquer democracia.
Comentário final
Um último comentário sobre como a imprensa dos EUA reage, sobretudo a televisão, que vive de oferecer o que, para muitos, ainda seriam notícias ou informação. Há semanas acontecem manifestações no Egito, Tunísia, Iêmen, Bahrain, Argélia, Marrocos, Iraque, Irã e, agora, na Líbia, além dos protestos trabalhistas na Arábia Saudita e no Kuwait.
De todos esses países, só o Egito e a Líbia têm merecido cobertura extensiva da imprensa ocidental – e sempre contra os líderes, nunca contra os governos ou suas políticas, das quais praticamente nenhuma imprensa-empresa fala.
Exceto contra Mubarak, só o New York Times deu destaque editorial ao Oriente Médio. Dia 24/2, o NYT escreveu, em editorial “Para deter Gaddafi”, em que se lê:
“A menos que surja alguém que o detenha, ele massacrará centena, talvez milhares de líbios, seu próprio povo, na ânsia para manter-se no poder”.
Nem uma palavra para deter outros déspotas regionais que mantêm laços íntimos com Washington. Nem uma palavra para deter a loucura imperial dos EUA, responsável por matar milhões de pessoas em toda a região (e em outras partes do mundo), direta ou indiretamente, só contados os mortos dos anos 1980s em diante.
Nem uma palavra sobre defender a democracia, as liberdades fundamentais, o Estado de Direito e os direitos dos palestinos, que vivem sob a brutal ocupação do exército de Israel, diariamente oprimidos pela beligerância, por roubo de suas terras, por prisões em massa, por “assassinatos predefinidos” [orig, targeted assassinations], tortura e morte, como os gazenses sitiados em Gaza desde meados de 2007, sofrendo muito terrivelmente a privação de todos os seus direitos e de toda a sua democracia.
Falta ainda aos EUA imprensa que se dedique a defender o certo contra o errado e denuncie as políticas ilegais dos EUA, também internamente, em vez de:
– esquecer todas as necessidades humanas e políticas que afligem o mundo;
– o número recorde, no planeta, hoje, de sem-tetos, desempregados e famintos;
– eleições de fancaria, fraudadas, muitas vezes, frente às câmeras de TV;
– profunda corrupção nos escalões de todos os governos apoiados pelos EUA e também nas empresas e corporações;
– colusão de interesses públicos e das corporações, em todos os planos, nos governos federal, estadual e local, e a guerra sem trégua que o Estado faz contra os movimentos de trabalhadores organizados;
– a decadência geral da sociedade dos EUA, em vários níveis; e
– muitos outros indícios do fracasso do projeto norte-americano, que se vêem mais claramente fora dos EUA, enquanto, simultaneamente, a imprensa-empresa apóia os interesses financeiros, as guerras imperiais e inúmeras outras políticas norte-americanas imorais e assassinas.
Mas não se vê, nos editoriais na imprensa-empresa, nem uma linha contra as políticas dos EUA, contra as atrocidades da guerra, nem qualquer esforço para ensinar à sociedade que quanto mais o mundo esperar, mais gente morrerá. Como se só estivessem morrendo na Líbia, não na Palestina, no Iraque, no Afeganistão e no Paquistão. A imprensa-empresa nos EUA só olha para os regimes que fazem oposição a Washington – e, até no caso de Gaddafi! – só se manifesta contra o homem, nunca contra as políticas. Porque é fácil trocar os homens, para manter inalteradas as políticas.
http://ponto.outraspalavras.net/2011/02/28/seguem-os-protestos-arabes-ainda-sem-respostas/

sexta-feira, 4 de março de 2011

Racismo nos supermercados

Racismo nos supermercados

A matéria de capa do Brasil de Fato desta semana traz denúncias de racismo e tortura cometidos contra consumidores negros nas três maiores redes de supermercado do país, Extra, Walmart e Carrefour. Os casos expõem heranças das quais o Brasil ainda não se livrou: a escravidão e a ditadura civil-militar. Confira trecho a seguir.
03/03/2011
Jorge Américo e Eduardo Sales de Lima,
da Redação
“Por que o negro, quando entra no mercado, passa a ser monitorado? Por que, inconscientemente até, o funcionário de segurança dessas lojas passa a ‘copiá-lo’? Porque, na cabeça dele, o negro é o suspeito padrão”. É o que defende o advogado Dojival Vieira, em entrevista à Radioagência NP. Ele acompanha três casos de pessoas que teriam sofrido tortura física e/ou psicológica em decorrência de racismo nas três maiores redes de supermercado do Brasil: Carrefour, Walmart e Extra (pertencente ao grupo Pão de Açúcar).
Dois destes casos aconteceram no início deste ano. Em Osasco (SP), no dia 16 de fevereiro, a dona de casa Clécia Maria da Silva, de 56 anos, foi parar no hospital depois de ter sido acusada de furto por seguranças da rede Walmart. Um segurança revistou sua bolsa. A cliente portava o cupom fi scal que comprovava o pagamento das mercadorias que levava. Segundo a médica que atendeu a dona de casa, ela teve uma crise de hipertensão e fi cou próxima de sofrer um acidente vascular cerebral (AVC). O segurança teria dito que “isso acontece mesmo com os pretos”, segundo relato da cliente à Dojival, que acompanha o caso. A ocorrência foi registrada como calúnia no 9º Distrito Policial de Osasco no dia 18 de fevereiro.
Outro caso, tão grave quanto. Um garoto de 11 anos relatou ter sido levado a uma “salinha” nos fundos do hipermercado Extra da Marginal do Tietê, na cidade de São Paulo, e confi rmou ter sido agredido por seguranças no dia 10 de janeiro. O garoto teria sido abordado após passar no caixa com biscoitos, salgadinhos e refrigerantes e se encaminhava para a saída da loja.
Estes dois casos não são inéditos. Em 2009, no estacionamento do Carrefour de Osasco, o vigilante Januário Alves de Santana foi apontado como suspeito de roubar seu próprio carro. Na sequência, sofreu torturas por quase 30 minutos, com socos, pontapés e uma tentativa de esganadura que lhe provocou fratura no maxilar, provocando a destruição da sua prótese dentária.
A existência dessas “salinhas de tortura”, evidenciadas no caso do garoto abordado no Extra e do vigia agredido no Carrefour, põe os supermercados em condição análoga às masmorras. Isso de acordo com Hédio Silva Jr., exsecretário de Justiça do Estado de São Paulo.“São crimes hediondos. São salas de interrogatórios, espécies de masmorras contemporâneas em que as pessoas são isoladas do público e submetidas a toda sorte de constrangimento. Ao acentuar o papel da vigilância, com isso não estou diminuindo ou relativizando a responsabilidade que a empresa que contrata o serviço, que são os supermercados, possui”, elucida. (A reportagem completa você lê na edição impressa número 418 do jornal Brasil de Fato).

quinta-feira, 3 de março de 2011

Militante de direitos humanos é morto no TO com sinal de tortura

Militante de direitos humanos é morto no TO com sinal de tortura

A Polícia Civil investiga a morte do integrante da Comissão de Direitos Humanos do Tocantins Sebastião Bezerra da Silva, 40, encontrado na madrugada desta segunda-feira enterrado na área de uma fazenda no município de Dueré (228 km de Palmas).

Seu corpo apresentava sinais de violência em várias partes, de acordo com a polícia.

Representante regional do Movimento Nacional de Direitos Humanos, Silva atuou em casos polêmicos no Estado, como a denúncia contra policiais militares por prática de tortura e assassinatos.

Mais recentemente, esteve envolvido na apuração da responsabilidade sobre o linchamento de um preso numa delegacia do interior.

De acordo com relatos de membros da CDH e do coordenador da CPT (Comissão Pastoral da Terra) no Tocantins, Silvano Lima Rezende, Silva teve alguns dedos das mãos quebrados, dedos dos pés arrancados e havia sinais de agulhadas sob as unhas das mãos.

A declaração de óbito que a Folha teve acesso aponta "asfixia por estrangulamento" como causa da morte. "O crime foi cometido com requintes de crueldade", afirmou Rezende.

O advogado Sávio Barbalho, que atuava na comissão, disse que Silva foi visto pela última vez no sábado (26), quando retornava de Goiânia (GO). O carro em que viajava, um Fiat Uno que pertence à comissão, seus documentos e cartões de crédito não foram localizados.

"Ele esteve num hotel em Gurupi [sul do Tocantins] no sábado e disse que sairia para tomar um lanche e desapareceu. No quarto do hotel estavam alguns de seus pertences como máquina fotográfica, notebook e outras coisas", disse.

Segundo o coordenador da CPT, Silva relatou que sofria ameaças, mas desconhecia os autores. "Ele me disse que recebia ligações de gente que falava que sua hora estava chegando e que era para tomar cuidado com a família. Pedi que procurasse o Ministério Público, a comissão nacional [de Direitos Humanos], mas ele acreditava que pudessem ser apenas intimidações", disse.

LINCHAMENTO

Além da denúncia feita contra policiais militares de Gurupi (sul do TO) há seis anos, Silva atuou na apuração de responsabilidade sobre o assassinato de Leonílson Batista de Souza, 27, preso sob acusação de estupro e morte em Barrolândia (105 km de Palmas) em novembro do ano passado.

O rapaz de foi apontado como autor do crime contra Edia Rodrigues Siqueira, 18, vítima de abuso sexual e que foi atingida por 17 facadas. No dia seguinte ao fato, um grupo de cem pessoas invadiu a delegacia, rendeu os agentes penitenciários e matou o detento com golpes de paus, machado e foice.

NUNCA MAIS

Em nota, o grupo Tortura Nunca Mais, de São Paulo, lamentou a morte de Silva e declarou estar "profundamente indignado" com a morte do "companheiro no combate às violações dos direitos humanos".

"Exigimos investigação imediata, identificação e punição dos culpados", afirma a nota, divulgada pela presidente da entidade, Rose Nogueira. O grupo reivindica a federalização dos crimes de tortura, execução sumária e desaparecimento forçado.

Fonte: Folha de São Paulo - Cristiano Machado
http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/

quarta-feira, 2 de março de 2011

COMANDO DE LUTA LANÇA JORNAL

Os professores da Rede Municipal de Goiânia agora tem um veículo de informação independente. Ao romper com o SINTEGO, pelegos que apoiam os pelegos que estão no poder,os professores criaram condições para construção de um movimento autônomo e de luta. Leiam a noticia abaixo!

Após desvincular o SINTEGO da representação dos Trabalhadores da Rede Municipal de Educação, os trabalhadores decidiram a construção de um novo movimento, para organização das lutas por direitos e em defesa da Escola Pública.

Jornal do Comando de Luta - 2011 - Edição N° 1
Para Acessar o Jornal:
http://educacaogoiania.org.br/site/