quinta-feira, 24 de novembro de 2011

A Questão da Organização em Anton Pannekoek


Acaba de ser publicado o livro "A Questão da Organização em Anton Pannekoek", organizado por Lisandro Braga e Nildo Viana, e contando com textos de Edmilson Marques, Lucas Maia, Nildo Viana e Renato Souza. Para ter acesso ao sumário e dados do livro, clique aqui.

Trechos da Apresentação do livro:

"Pannekoek foi desenvolvendo suas teses com o passar do tempo, sendo que algumas ideias manteve até o final de sua vida e aprofundou algumas, enquanto que outras ele repensou e reconsiderou. Para analisar as ideias de Pannekoek é necessário ter em mente o seu percurso intelectual. O seu pensamento atravessou algumas fases. Vamos resumir rapidamente estas fases para compreender mais adequadamente o seu pensamento".
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"Após isto, Pannekoek cada vez mais se coloca numa posição semelhante a de outros militantes e teóricos da época (Otto Rühle, Paul Mattick, Herman Gorter, etc.) e as experiências das revoluções proletárias serviram para que a ênfase nas formas de auto-organização proletária, os conselhos operários, se tornasse mais nítido. Neste contexto, a crítica a partidos e sindicatos se torna mais ampla, bem como a oposição às burocracias em geral e ao capitalismo de estado russo".
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"A sua obra Os Conselhos Operários é uma síntese das experiências e reflexões de Pannekoek durante este período e é por isso que ele discute o processo de formação dos conselhos, seu papel, sua importância – além de análises breves de questões específicas, como a Revolução Russa – e discute não só a questão organizacional proletária como também a questão do pensamento e das ideologias (no sentido amplo do termo), além de analisar a guerra e o fascismo".
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"A afirmação segundo a qual a questão da organização é fundamental para Pannekoek pode gerar a ideia de que ele poderia pensar os conselhos operários de forma fetichista. No entanto, não é este o caso. A questão das organizações recebeu tratamento diferenciado por Pannekoek, dependendo da época em que escrevia e do tipo de organização. Lembrando que o pensamento de Pannekoek atravessou algumas fases e que nestas algumas idéias permaneceram, algumas foram abandonadas e novas foram gestadas, é preciso compreender a concepção de organização em Pannekoek vinculado a este processo".
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"Um questionamento pode ser feito ao terminar esta breve análise sobre a questão da organização em Pannekoek: como fica a questão das organizações dos revolucionários?" 
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"Nesse sentido, o livro inicia com o capítulo A questão da Organização Proletária escrito por Edmilson Marques no qual ele apresenta a concepção de Pannekoek sobre a mesma, acompanhado dos capítulos de Nildo Viana, Anton Pannekoek e a Questão Sindical, e de Renato Dias, Anton Pannekoek e os Partidos Políticos, nos quais eles discutem a posição de Pannekoek sobre os sindicatos e os partidos políticos. No último capítulo intitulado Os Conselhos Operários de Anton Pannekoek: Uma Utopia-Concreta da Revolução Proletária, Lucas Maia apresenta a revolução proletária como uma tendência histórica na sociedade capitalista".

BRAGA, Lisando e VIANA, Nildo. A Questão da Organização em Anton Pannekoek. Rio de Janeiro: Achiamé, 2011.

quarta-feira, 9 de novembro de 2011

Meus amigos e colegas,
voces devem estar informados que o reitor da USP acaba de encher a universidade de policiais, carros e tropas de choque, em uma operação cuja intenção política é bem maior do que a mera integração de posse da sede da reitoria; estou apelando a voces para tirarmos uma nota conjunta de protesto contra essa política da reitoria/Alckmin; envio em anexo uma nota que podemos assinar juntos ou, ao menos, fica como sugestão para notas distintas e específicas que cada um de nós poderá tirar, na tentativa de não deixarmos sem resposta e sem solidariedade, aos estudantes que neste momento estão sendo os novos presos políticos e que serão processados e punidos por razões puramente políticas, ditatoriais;
abraço fraterno a todos, Gilson Dantas
ps-A nota - conjunta ou apenas pessoal - pode ser dirigida ao e-mail forapmdausp@gmail.com ou ao usp.ocupa@gmail.com, por exemplo; e também a outras entidades que estão direta ou indiretamente vinculadas à luta;
À opinião pública, aos estudantes e trabalhadores da USP

Nesta manhã de oito de novembro de 2011, a Universidade de São Paulo amanheceu mais parecida com o Iraque sob ocupação que com uma universidade. Efetivos das principais forças especiais da polícia, como o GAT, GOE, além da tropa de choque, ocuparam diversas unidades de ensino. O CRUSP foi invadido brutalmente e com bombas de gás pelas tropas de choque. Estão impedindo estudantes, trabalhadores e professores de circularem pelos prédios. Ônibus da tropa de choque estão a postos de forma – como foi na ditadura militar – a retirar estudantes presos.

Estamos diante de algo muito maior do que uma mera ação para efetivar a reintegração de posse da reitoria; esse verdadeiro operativo de guerra montado a mando de João Grandino Rodas vai contra toda a comunidade universitária. Nunca se tratou de prover “segurança” aos membros da comunidade universitária. A intransigência do reitor Grandino Rodas está se demonstrando hoje da maneira mais contundente ao militarizar a universidade, reprimir os estudantes, e chamar a invasão policial. Ele apenas continua sua política de perseguir estudantes e trabalhadores.

Com esta ação, a reitoria intransigentemente rompe os processos de negociação, que seguiriam durante esta quarta-feira. Chamamos a todos os estudantes, trabalhadores, organizações sindicais, de direitos humanos, de esquerda a prestarem solidariedade aos estudantes reprimidos. E a denunciarem a política militarista do governador Alckmin e do reitor Rodas.

Clamamos a todos os lutadores da democracia que se pronunciem contra a transformação da USP em uma praça de guerra e pela imediata liberdade aos presos políticos!

8/11/2011
Gilson Dantas,
doutor em sociologia pela UnB

quinta-feira, 3 de novembro de 2011

[Itália] Comunicado sobre os acontecimentos de 15 de outubro, em Roma

[Itália] Comunicado sobre os acontecimentos de 15 de outubro, em Roma

Roma, Itália, 15 de outubro de 2011: estoura uma ira incontrolável durante uma manifestação contra as medidas de austeridade impostas pelo governo para enfrentar à crise econômica.

Organizadores oficiais, inspirados no movimento espanhol dos “Indignados”, havia feito um chamado para uma “manifestação pacífica” para democraticamente expressarem seu desacordo. Mas tal convite não pode ser aceito: centenas de pessoas furiosas, a maioria delas crianças na adolescência, sem relação alguma com grupos ou organizações políticas, apenas tomaram as ruas de Roma para destruir a miséria existente, atacar bancos e lojas e, finalmente, envolver-se em uma batalha contra a polícia na praça de San Giovanni.

Pelo que sabemos, 12 meninos foram presos naquele dia, a maioria deles menores de idade. Dois dias depois, em 17 de outubro, a polícia invadiu as casas de dezenas de anarquistas por toda a Itália, em busca de “armas”, supostamente utilizadas durante a manifestação. A busca, conduzida sem um mandado, mas contando com os poderes especiais concedidos pelo artigo 41 TULPS (suposta posse de armas e explosivos), foi em vão.

Este comunicado do Asilo Occupato de Turim, coletado entre muitos outros, oferece uma boa visão do evento.

Comunicado:

Uma marcha foi realizada em Roma em 15 de outubro contra as novas medidas financeiras do governo e as medidas de austeridade adotadas para enfrentar o fantasma desgastado da crise. Na prática, as pessoas tomaram as ruas para reagir à ameaça de mais uma temporada de lágrimas e sangue, em detrimento dos mais pobres, sempre forçados a apertar o cinto e suportar o sacrifício diário e a exploração em um mundo cheio de mercadoria e regido pelos interesses de uns poucos que têm condições de consumir.

Para os organizadores, a sinistra caravana de cidadãos e “indignados” italianos estava destinada a ser uma marcha pacífica, uma caminhada animada, porém respeitosa, “para dar nossa opinião”, para expressar o inofensivo zumbido de opiniões timidamente e de dentro das linhas. Um pacote preparado com antecedência, um filme já visto e cujo fim era previsível, tudo dentro do equilíbrio de uma normalidade bem gerida. O jogo limpo entre o poder e os recuperadores da ira permite o funcionamento do deserto da democracia real asfixiando o assalto das paixões hostis.

Mas desta vez não houve drama, a marcha rompeu com as primeiras janelas quebradas, e o espetáculo virou fumaça entre as nuvens de gás lacrimogêneo e chuva de pedras.

Um ritmo caótico da destruição de caixas eletrônicos e lojas ressoam na Via Cavour, um mercado saqueado e carros destruídos, ou seja, a expressão de uma ira que aponta à esquerda e a direita.

Organizar-se para golpear os bancos e provocações de luxo é o primeiro passo para invadir as ruas e derrubar os lugares físicos da exploração, um por um. Saber como e quando fazê-lo é uma questão de tempo, espaço e uma grande quantidade de métodos a serem aprendidos na prática: por fogo em um carro, a fim de erguer uma barricada, é uma coisa diferente para fazer no meio de uma marcha que põe em risco o resto dos manifestantes e aqueles que vivem no edifício em frente, o que também afasta os eventuais cúmplices. Capuzes e capacetes pretos são ferramentas úteis para se proteger e manter o anonimato, mas não é um uniforme para mostrar. Vamos sair da lógica dos blocos militares para pressionar o regime e dos relatórios da polícia, somos proletários furiosos. Hoje em dia, o ódio dos chefes e da polícia não é exclusivo dos setores militantes, esgotados por anos de isolamento e a busca de pureza, mas uma realidade que está explodindo nas vidas de muitas pessoas.

14 de dezembro de 2010, em Roma, as batalhas de Val Susa contra o TAV (Trem de Alta Velocidade), as revoltas na Grécia e as expropriações massivas em Londres, nos dizem algo sobre a temperatura social do presente em que vivemos, de como a resistência deixou de ser moda. Não nos importa os gestos demonstrativos e alusões à revolta. Como um inverno muito longo de pacificação que parece finalmente acabar, a rebelião não passa através de símbolos, embora estes sejam mais belos e sugestivos que os zumbis da política, mas passa através de ações e instrumentos práticos e eficientes. Identidades e fetiches ideológicos impõem-se exatamente devido à falta histórica de insurreição, enquanto hoje prever a possibilidade de uma insurreição significa assumir a responsabilidade de olhar para cima.

A batalha da praça San Giovanni foi uma oportunidade para medir-se contra o poder de polícia, e naquele dia tomou o fôlego de massas. Havia pessoas de todas as origens e idades para enfrentar as ordens policiais, muitas sem máscaras e em sua primeira experiência nas ruas... nada estava arranjado e determinado de antemão. O momento mais forte e mais explosivo da manifestação - que derrubou todos os planos, agitou o sangue e pôs a atmosfera calorosa - teve, como protagonista único, a determinação de apoderar-se de uma praça e defendê-la, com uma ira descontrolada e generalizada.

Há muito a aprender com esta demonstração de valor, exposta especialmente por crianças fartas sem bandeiras, como muitos de seus companheiros em muitas outras cidades do mundo. O que é Black Bloc? O instinto, a inteligência prática e a reciprocidade repentina de intenções: atacar um carro da polícia, re-lançar o gás lacrimogêneo e enfrentar a polícia. O grito é Roma Livre. Os vândalos podem fazê-lo por si mesmos.

A organização de pequenos grupos, afinidades e amizades, precisão de objetivos e agilidade são as características comuns que nos faz quase invisíveis aos olhos do inimigo. O cenário de guerra civil que ecoa em muitas partes do mundo se paralisou com a apagada imagem do protesto espanhol... a parte dos cidadãos perdeu. A chamada de rebelião é muito mais forte. Não vamos voltar sempre... Vão à merda!

Asilo Occupato de Via Alessandria 12, Turim.
agência de notícias anarquistas-ana
Quarta-feira, 19 de outubro de 2011

quarta-feira, 2 de novembro de 2011

Repressão à greve com ocupação na Universidade Federal de Rondônia

Repressão à greve com ocupação na Universidade Federal de Rondônia

2 de Novembro de 2011  
Categoria: DestaquesVer e Ouvir
A Universidade Federal de Rondônia está em greve há 46 dias e ninguém fora de Rondônia sabe disso.Por Grevista da Unir
Compartilho com vocês a angústia de estar no estado mais periférico do Brasil. A Universidade Federal de Rondônia está em greve há 46 dias (desde 14 de setembro) e ninguém fora de Rondônia sabe disso. A Reitoria está ocupada pelos estudantes há 25 dias. Ocupada significa fechada.
Um professor de História foi preso arbitrariamente pela Polícia Federal enquanto chupava um pirulito. Os bombeiros condenaram o campus universitário. Os departamentos de Biologia e Química são praticamente bombas-relógio.
Todo dinheiro que entra pelo REUNI some num buraco negro e grande parte das vagas que o MEC manda são ocupadas por favorecidos pela Administração Superior.
Pedimos o afastamento do Reitor, mas ele não renuncia. Pedimos intervenção do MEC, mas demora. Resta fazer pressão e divulgar a greve fora de Rondônia. Aqui temos o apoio da mídia local e da sociedade (que traz comida e diesel pro gerador da Reitoria - cortaram a energia).
Estamos no faroeste.
Assistam ao vídeo sobre a prisão do professor grevista

Saiba mais através do blog do Comando de Grevehttp://comandodegreveunir.blogspot.com/