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domingo, 7 de junho de 2020

RACISMO E CAPITALISMO E AS LUTAS PARA SUPERÁ-LOS




Matheus Almeida
"Não existe capitalismo sem racismo", disse certa vez Malcolm X.
Se o que Malcolm X colocou está correto, então toda luta contra o racismo que não lute também contra o capitalismo é uma luta pela metade. Afinal, enquanto houver capitalismo haverá racismo.
Do mesmo modo, se esta afirmação é correta, então toda luta contra o capitalismo que não lute também contra o racismo é uma luta pela metade. Afinal, poupar um elemento tão caro ao capitalismo, como é o racismo, implicaria não combatê-lo por inteiro. Logo, enquanto houver racismo, o capitalismo não estará plenamente superado.
Portanto, a luta antirracista autêntica (e, logo, radical, porque vai à raiz do racismo) é aquela que combate também o capitalismo, e a luta anticapitalista autêntica (ou seja, radical, que vai à raiz do capitalismo) é aquela que combate também o racismo.
Se isto está correto, vemos que tarefas estão colocadas: nada menos do que uma revolução social generalizada, que destrua todas as relações sociais capitalistas e racistas, construindo em seu lugar novas relações sociais produtoras de uma humanidade emancipada.
Concordando com este objetivo, o meio para alcançá-lo haveria de ser: Trabalhadores de todo o mundo, uni-vos, há muito o que revolucionar. A luta contra o racismo não é tarefa somente dos negros, é dever de todos aqueles que pretendem transformar radicalmente este mundo; Negros revolucionários de todo o mundo, unamo-nos. A luta contra o capitalismo é necessária para superarmos o racismo, e nessa luta não podemos selecionar (ou querer melhor "representar") a cor das classes inimigas.
Soma-se a estas nossas tarefas a necessidade de combater toda forma de ilusão e imposição de limites a esta luta, que são precisamente tarefas das classes inimigas. Neste sentido, ilusão e limitação são armadilhas que cumprem o mesmo papel que a repressão: atuam no interesse da manutenção da sociedade vigente.
Assim, se o capitalismo no atual regime de acumulação integral [1] reserva às classes inferiores as formas mais degradantes e miseráveis de vida, e se a maioria da população negra foi jogada no interior destas classes, o que em países como Brasil e EUA é uma realidade advinda do escravismo e continuada no capitalismo, não resta dúvida de que temos de combater velhas e novas formas de dominação e opressão.
Diante disso, o enfrentamento deve se dar tanto às antigas e contínuas práticas brutais de assassinatos, torturas e humilhações a que os negros são submetidos, como também a novas formas de ilusão e limitação, como o microrreformismo [2], as ideologias de representatividade, de empoderamento e qualquer outra que vise substituir a luta revolucionária por disputa por migalhas, êxitos individuais e melhor integração na sociedade capitalista. Estes são os imensos desafios para o avanço da luta antirracista e anticapitalista.
Um mundo onde sejamos socialmente iguais, humanamente diferentes e totalmente livres, numa sociedade após a abolição do capitalismo e do racismo, isto é, na autogestão social, é o que a vitória dessa luta nos reserva à frente.

[1] Sobre o regime de acumulação integral:
[2] Sobre o microrreformismo e a integração dos movimentos sociais no capitalismo contemporâneo: 



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