quinta-feira, 4 de outubro de 2018

As mudanças que as eleições prometem é que não vão mudar nada [Textos e Debates]

Textos e Debates

As mudanças que as eleições prometem é que não vão mudar nada

Edmilson Borges da Silva

Estas eleições marcadas por um forte apelo anticorrupção, nos mostra como os mesmos nomes fazem as regras do jogo. Os eleitos nas eleições anteriores são as novidades de agora, que são os mesmos que alimentaram um dos elementos inerentes ao capitalismo, ou seja, subornar, corromper, ser corrompido, fraudar, pra melhor entender, roubar e legalizar o roubo. Os ditos “homens de negócios” alimentam os abutres que lhes representam nas instituições do Estado, desta forma, o processo eleitoral é uma farsa em que o que se diz não é para ser cumprido, ou ainda, se diz o que está latente à audição de quem sofre as mazelas da exploração e opressão e esconde as tramas fundamentais que retroalimentam essa ordem. Desta forma, são os lobos que falam aos cordeiros como se proteger, o que é a verdade, o que é a ética, a moral, etc. Refletir como a novidade é aparente, mesmo sendo os nomes, em muitos casos conhecidos; como os partidos mudam o figurino sem mudar o conteúdo; como os templos continuam “abençoando” os feitores e, afirmar que a radicalidade de uma mudança não passará por essa vã esperança em que os exploradores orientam os explorados a repetir o ritual é a necessidade deste texto.
Número de deputados federais de Goiás no congresso nacional: 17
Eleitos em 2014
Os que disputam a reeleição em 2018
Estão na disputa do executivo Estadual
Na disputa como suplente de senador
Não disputam a reeleição mas apoiam outros candidatos
17
12
02
01
02
Os deputados federais eleitos em 2014, vários já vinham de reeleição e novamente estão no pleito eleitoral de 2018. Renovação é uma retórica. Estes dados estão disponíveis em sites dos tribunais eleitorais, Câmara Federal e em outros.
Estes números demonstram que não há novidades no fronte. A reeleição será garantida à maioria que fizeram quatro anos de campanha à custa do erário. Mesmo as renovações serão ocupadas por ex-deputados federais que eram suplentes ou ocupavam cargos nas instâncias estaduais ou municipais.
Delegado, pastor e policial são ocupações que aparecem antes do nome do candidato como um adjetivo apresentando e qualificando o nome postulando ao cargo. Como se isso fosse reserva moral da sociedade, se fosse qualidade supranormal. O uso da fé profana os templos, em busca do poder e da vontade desenfreada de determinar a subordinação da vida. A violência, o medo, o sofrimento vira discurso fácil na boca de quem é pago para combater a mesma, no entanto, é a sociedade marcada pela dissimulação e o Estado correspondente que facilita a emergência desse tipo que tenta se consagrar como um combatente do crime. Na verdade, sua emergência já é uma mentira e uma manipulação da triste realidade.
A ampla visibilidade da corrupção, lugar comum no discurso do eleitor, não altera o processo eleitoral, ao contrário, os escroques são os mesmos, as instituições são as mesmas e por isso, surrupiar o dinheiro público continuará galopante. O eleitor continuará elegendo os seus feitores em troca de migalhas ou de mais maldades.
Pelo menos seis partidos mudaram de nomes para disfarçarem suas picaretagens, mudar o nome sem mudar mais nada (o partido atualmente denominado DEM tem suas origens na antiga ARENA, passando para PDS e PFL; MDB, PMDB e retornou ao MDB; PTN virou PODEMOS; PTdoB se intitula AVANTE; PEN passou a PATRIOTA e PSDC para DC), existe os figurões que não mudaram os nomes dos partidos mas se transferiram para outros partidos, cientes que o eleitor não tem tempo para colher essas informações.
Desta forma os eleitores de forma inocente, induzidos ou com negócios no Estado, continuam participando da farsa legitimando-a. Ao que tudo indica, feitores de ontem ou de hoje chegarão ao poder com a gana do ilícito. A farda, o mal uso da fé, a polícia, negócios familiares – de pai pra filho – e outros vilipendiosos negócios fazem das eleições o que é, um balcão de negócios sórdidos.
No país o que se observa é isto, processo eleitoral de pais pra filhos, os patrões indicando/impondo candidaturas, o uso do Estado para legitimar o medo, a violência balizando nomes para dirigir o mesmo. O eleitor subjugado pela fé, o medo, a fome e uma vã esperança, somado ao oportunista, o larápio, o negociante do voto, aquele com interesse no Estado e de prontidão para agenciar o eleitor irá legitimar o processo garantindo aos mercenários/empresários o Estado como fórum privilegiado da exploração e opressão dos trabalhadores.  
Lutar por uma possibilidade de superação destas caras instituições que formam o Estado capitalista, de maneira a indicar sua superação, é o que sobram aos trabalhadores, portanto, votar nulo é legítimo e mais preciso quando se declara que a luta pela autogestão é condição necessária deste ato.

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