Nós do MOVAUT – Movimento
Autogestionário, colocamos publicamente o nosso apoio ao movimento grevista na
Universidade Estadual de Goiás. O movimento é legítimo e apresenta
reivindicações justas, a respeito de questões urgentes para esta instituição e
que reflexões no resto da sociedade goiana e além dela. A situação da UEG não
pode continuar dessa forma, pois sem falar das unidades com maiores problemas,
estrutura inadequada e outras questões que afetam professores, estudantes e
funcionários, as unidades mais estruturadas também passam por graves problemas
de estrutura e falta de recursos, sem contar as necessidades gerais e não
atendidas de professores, estudantes e funcionários.
Historicamente, todas as
conquistas dos trabalhadores em geral é produto de sua luta, e a greve é um
instrumental fundamental, uma das formas mais poderosas de pressão que os
trabalhadores criaram para ter suas reivindicações atendidas. Durante a
Revolução Industrial, a redução da jornada de trabalho e abolição do trabalho
infantil não foram iniciativas do Estado e da classe capitalista e sim produto
da luta e pressão dos trabalhadores. Da mesma forma, as demais conquistas
históricas dos trabalhadores foram produto das diversas lutas empreendidas e
dos movimentos grevistas desencadeados. Até mesmo quando alguns parcos e
ilusórios benefícios surgem a partir do Estado, isso é produto da tentativa de
cooptar setores da classe trabalhadora ou então para antecipar lutas e
reinvindicações mais poderosas dos trabalhadores. A luta é fundamental para
conquistas imediatas, para que a correlação de forças não seja desfavorável aos
trabalhadores e o seu grau de exploração e opressão seja muito elevado. Esse é
um momento da luta, que ajuda na mobilização, auto-organização, desenvolvimento
de consciência dos interesses coletivos e sobre os mecanismos do poder, etc.,
que abre espaço para lutas mais amplas e gerais na sociedade como um todo, no
sentido de poder contribuir com a luta coletiva pela transformação social e
emancipação humana.
A UEG não entra pela primeira vez
em greve. As greves desencadeadas anteriormente mostraram que as coisas mudaram
muito pouco desde o seu surgimento até hoje. Com a transformação de faculdades
isoladas na UEG e construção de novas unidades, o crescimento da instituição
foi acompanhado pelo crescimento dos problemas. Uma expansão desordenada e por
motivo eleitoreiros significou um processo de crescimento em condições
desfavoráveis e sob forma politicamente controlada por partidos e governo. As
greves anteriores fizeram reivindicações e algumas foram atendidas e outras
proteladas, mas surtiram o efeito de mostrar que na UEG existem professores,
estudantes e funcionários que não são mera “massa de manobra” e que lutam, reivindicam,
agem. Um dos elementos diferenciais e positivos das greves anteriores e da
atual na UEG é sua forma de organização, cuja marca é a participação de todos os
setores da comunidade universitária: professores, estudantes e funcionários,
rompendo com a tradicional separação por interesses grupais quando a questão é
coletiva e as necessidades são comuns e as que não são assim, são
complementares, pois contribuem com a qualidade do ensino, com a estruturação
da instituição, etc. Desde a experiência do Fórum de Defesa da UEG até hoje
essa experiência de unificação das lutas e da organização é uma das maiores
conquistas desse processo, o seu elemento mais avançado. Assim se consegue
unificar a luta em torno de interesses gerais de melhorias na universidade com
interesses específicos cujo resultado é fortalecer a primeira.
Por isso, o Movaut oferece todo
apoio ao movimento e suas reivindicações, mais do que justas e necessárias,
tais como a reformulação do plano de cargos e vencimentos, realização de
concurso público, aumento salarial, criação de restaurantes universitários e
moradias estudantis, entre diversas outras. Reivindicações essas que precisam
ser ampliadas, tais como a inclusão de mais recursos previstos no orçamento do
governo estadual para a UEG, democratização da instituição, entre outras e que
devem ser somadas com a luta por mudanças sociais mais gerais. O MOVAUT lança
seu apoio total ao movimento grevista na UEG e conclama a toda a população a
fortalecer essa luta que é daqueles que trabalham ou estudam nesta universidade
mas que tem importância para todos nós.
MOVAUT – Movimento
Autogestionário
Goiânia, 06 de maio de
2013
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