segunda-feira, 14 de março de 2011

Protestos em Portugal

Manifestações por todo o país não foram só para os jovens. Os pais, os avós e os filhos também foram à rua protestar.

«O país precário saiu do armário». As palavras de ordem apelavam aos jovens, aos «desemprecários» de uma geração que se diz à rasca. Foi por eles que o manifesto se foi propagando no Facebook. Mas hoje eles não estiveram sozinhos.

Centenas de milhares de portugueses saíram à rua para protestar pacificamente contra não só um Governo, um ou outro pacote de austeridade, mas sobretudo por condições de vida que foram perdendo sem saberem muito bem porquê.

À falta de números oficiais (será mesmo possível contá-los?), em Lisboa fala-se de 200 mil pessoas num protesto pacífico, muitas vezes até silencioso, que encheu a Avenida da Liberdade por completo.

«O povo não precisa de partido». «Com precariedade não há liberdade». «Somos todos trabalhadores, precários são os vínculos». «Esta é a nossa moção de censura». Os cartazes eram muitos. Ouvia-se falar em «revolução precária», viam-se muitos cravos de Abril e também se cantava «Grândola, vila morena».

Eram jovens, com os filhos, os pais, os avós, desde bailarinas a arquitectos e estudantes, anarquistas, comunistas e nacionalistas, com roupas hippies mas também de marca. Estavam lá todos. «O país está à rasca», lia-se na faixa da linha da frente.

Também não faltaram os grupos políticos, partidos dos animais, activistas homossexuais, artistas de rua, clientes de bancos. E, claro, os «Homens da Luta», com a sua própria manifestação, em cima de uma carrinha, com colunas de som que ajudavam a espalhar as letras dos «camaradas, pá».

No Rossio, Jel e Falâncio tiveram ainda a ajuda da Dona Estela, uma senhora de 80 anos que não esquece certamente os tempos da grande luta. E para comemorar a vitória no Festival da Canção, houve pão, queijo e vinho para todos.
As razões de estarem todos ali?

Diogo Monteiro, 26 anos: «Eu estou entre trabalhos, tanto posso estar a trabalhar hoje como amanhã não ter trabalho».

João Silvestre, 24 anos: «Tirei um mestrado com média de 18, mas como sou altamente qualificado não consigo arranjar trabalho».

Luís Santos, 25 anos: «Estive a estagiar numa empresa internacional, propuseram-me fazer outro estágio e agora estou a receber um ordenado miserável».

Ana Simões, 38 anos: «12 anos a recibos verdes acho que é razão suficiente para estar aqui hoje».

Ana Mateus, 37 anos: «Estou há 14 anos a recibos verdes, até como directora de uma instituição».

No Porto, em Ponta Delgada, em Viseu, em Braga, em Coimbra, em Castelo Branco e no Funchal foi a mesma coisa.

Foram horas de protesto, muitas conversas mais ou menos revolucionárias e um grande ponto de interrogação no que vão conseguir na prática. «A luta continua quando o povo sai à rua». A canção, pelo menos, promete mais.

Veja mais notícias em:
http://www.tvi24.iol.pt/sociedade/geracao-a-rasca-protesto-lisboa-facebook-manifestacao-tvi24/1239040-4071.html

Nenhum comentário:

Postar um comentário