TEXTOS E DEBATES
NENHUM
CAPITALISMO PODE DAR CERTO:
AUTOGESTÃO
SOCIAL OU BARBÁRIE CAPITALISTA
Rubens Vinicius da
Silva
Uma frase, para muitos autoexplicativa, sentencia que o
capitalismo privado não "deu certo". Isso é óbvio, em se tratando de
relações sociais e de produção fundadas no aumento da miséria, exploração e
dominação nunca antes vistas na história das sociedades humanas.
Porém, convém lembrar aos bolcheviques, socialdemocratas e
demais fetichistas que o capitalismo de estado também não
"funcionou". Isso porque nos países onde ele vigorou e nos poucos
onde ainda sobrevive, as relações sociais e de produção também se baseiam no
aumento da miséria, exploração e dominação. Além disso, em alguns momentos da
história das lutas de classes nestes países, tais relações sociais se
constituíram de forma ainda mais brutal daquelas existentes em diversos
territórios do "mundo capitalista".
O centenário exemplo russo, celebrado pela esquerda no ano
passado, é emblemático: lá, a conquista do poder de estado por uma minoria, na
forma de um golpe, somada à destruição sistemática das formas de autogestão das
lutas (conselhos operários, sovietes) produziu uma nova forma de capitalismo. A
nacionalização e estatização dos meios de produção, a implantação do taylorismo
nas fábricas e a militarização do trabalho (medidas tomadas pelos bolcheviques
e formuladas por dois dos seus maiores representantes: Lenin e Trotsky)
conservou e reforçou a produção e extração de mais-valor, que é o fundamento do
modo de produção capitalista.
Somente uma sociedade sem divisão social do trabalho,
alienação, extração e apropriação de mais-valor, classes sociais e estado pode
dar condições reais de efetivar o reino da liberdade humana. Ou seja, trata-se
de lutar por uma sociedade autogerida: isso só é possível através da autogestão
das lutas pelo proletariado e demais classes desprivilegiadas.
Tal processo deve inevitavelmente combater toda e qualquer
forma de burocratização, que se manifesta na relação social entre dirigentes e
dirigidos, um dos fundamentos das sociedades de classes e das organizações
burocráticas como partidos, sindicatos e a mais poderosa delas: o estado.
"A revolução social não pode tirar sua poesia do passado,
e sim do futuro; Não pode iniciar sua tarefa enquanto não se despojar de toda a
veneração supersticiosa do passado. As revoluções anteriores tiveram que lançar
mão de recordações da história antiga para se iludirem quanto ao seu conteúdo.
A fim de alcançar o seu próprio conteúdo, a revolução proletária deve deixar
que os mortos enterrem os seus mortos" (Karl Marx, O 18 de Brumário de
Luís Bonaparte).
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