por Gabriel Teles
E depois de 50 anos, a CGT, principal e maior central
sindical francesa, cumpre novamente o seu papel burocrático, emperrando a
radicalização das lutas e criminalizando as manifestações, sobretudo a de
ontem, 1° de maio.
Hoje, Jean Pierre Mercier, delegado da CGT, foi a televisão
dizer que a "festa do dia dos trabalhadores" foi manchada por um
conjunto de arruaceiros que, pasmem, detestam o trabalho. Sorte a dos franceses
que possuem indivíduos que ainda detestam o trabalho alienado, fruto da
exploração e dominação de classe. Ao contrário deste sindicalista, que
glorifica o trabalho assalariado, estes "arruaceiros" buscam
aboli-lo.
No final da entrevista, o senhor Mercier ainda afirma, de
forma orgulhosa, que a comissão de segurança e da ordem da CGT nas
manifestações de ontem, fora mais eficazes que a polícia no estabelecimento da
ordem. Sabemos que não é a primeira vez que é confiado a este sindicato o
serviço de repressão e desmobilização dos estudantes e trabalhadores.
A história se repete, a primeira vez como tragédia e depois
como farsa.
Em 1968, a CGT e as demais burocracias sindicais e
partidárias, como bem disseram os estudantes franceses de Censier, foram as
últimas trincheiras da burguesia para conter o avanço das lutas dos
trabalhadores e dos estudantes.
Georges Seguy , secretário-geral do CGT na época, afirmara
com todas as letras que a CGT contribuiu para o estabelecimento da ordem e
retomada do geral do trabalho: “A opinião pública perturbou-se com as confusões
e as violências, desorientada pelas posições equivocadas e o abandono do
Estado, de modo que a CGT, a grande força tranquila, é quem veio restabelecer a
ordem ao organizar a retomada geral do trabalho”.
Parafraseando Marx, o principal fruto do Maio de 68 não foi
o que os estudantes e trabalhadores ganharam, mas sim o que perderam: a perda
de suas ilusões.
No século XX, as experiências revolucionárias do
proletariado (Revolução Russa, Alemã, Espanhola, Maio de 68, etc.) sempre
encontraram a burocracia enquanto uma poderosa força a ser enfrentada. É
exatamente por esse motivo que existe a necessidade de combatê-la. Assim,
buscar intensificar a luta cultural contra essa classe e suas organizações
torna-se fundamental para aqueles que almejam a transformação social e a
emancipação humana.
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